Sem inquietação

por Reginaldo Villazón

É pura verdade que o mundo do trabalho passa por profundas transformações. Rapidamente, vai escasseando a antiga forma de trabalho exigida pelas empresas privadas e instituições públicas, com fundamentos na disciplina, na atenção irrestrita aos conceitos estabelecidos, na repetição impecável das tarefas. Os consultores de carreiras, buscando ajudar, indicam as qualidades que devem fazer parte do perfil dos novos trabalhadores: qualificação técnica, fluência verbal, flexibilidade e outras.

O trabalho humano físico segue a tendência de extinção; postos de trabalho são eliminados e outros são criados; ser patrão, empregado ou autônomo exigem qualidades cada dia mais parecidas. Os jovens, que ainda se preparam para entrar no mercado de trabalho, sofrem inquietações. De um lado, ouvem os consultores postulando novas atitudes. De outro lado, ouvem os palpiteiros inconsequentes condenando a maioria das profissões como sendo elas pouco promissoras
 
Recordemos um caso real. Severino Pereira da Silva nasceu na pequena cidade de Taquaritinga do Norte (PE), em 1895. Lá, aos 10 anos de idade, lavava burros e jegues para ajudar a família. Jovem, foi trabalhar no Recife e depois no Rio de Janeiro. Tornou-se um empresário respeitado pela seriedade e dedicação. Em 1975 reuniu todas as suas empresas (dos ramos têxtil, mineração, cimento e agropecuário) num só grupo econômico com atividades em 11 estados brasileiros.
Neste país, as boas oportunidades estão cercadas por enormes dificuldades. No entanto, é tolice dizer que somente filhos de ricos fazem sucesso, ganham dinheiro, são reconhecidos por seus méritos. Pois é comum que pessoas simples, de todas as regiões, furem todos os bloqueios até atingirem seus objetivos nos mais diferentes campos socioeconômicos. Os cientistas sociais garantem que, para isso, essas pessoas utilizam os talentos que fazem parte da cultura brasileira.

As pesquisas constataram, no povo brasileiro, características essenciais ao sucesso. Tais como as habilidades de relacionamento, de falar positivamente, de persuasão, de conciliação, de flexibilidade, de improvisação, de criatividade, de inovação, de mudança, de adaptação. Elas revelaram o jeitinho brasileiro como forma inteligente, rápida e eficiente de resolver dificuldades, sem contrariar normas e leis. E identificaram o caráter cordial e alegre do povo brasileiro como edificante.

Nestes tempos de notícias ruins, o futuro dos jovens parece desanimador. Ainda mais, prevendo a nova onda da automação industrial. Mas a história humana é assim mesmo: cheia de altos e baixos. Mas é necessária e vantajosa. Como na sucessão das estações do ano: finda o inverno, chega a primavera. E a vida se multiplica renovada. Nossos jovens só precisam, nos seus estudos, polir os valores culturais que já carregam dentro de si mesmos. O futuro pelo qual se empenham chegará.

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