195 anos de Maçonaria no Brasil: uma luta pela melhora da humanidade

Benedito Marques Ballouk Filho é advogado e Grão-Mestre Estadual do Grande Oriente de São Paulo (GOSP), representante de mais de 24 mil maçons presentes em centenas de municípios paulistas.

 
Com a fundação do Grande Oriente do Brasil em 17 de junho de 1822, a Maçonaria brasileira se aproxima hoje de seus 195 anos. Mesmo com a chegada desses dois séculos de existência, a Ordem ainda tem como um de seus desafios a luta contra a desinformação. Uma parte significativa da população ainda alimenta uma visão incorreta de que a Maçonaria seria algum tipo de seita mística, uma religião ou mesmo perpetradora de uma espécie de plano de dominação mundial.

É importante frisar que nenhuma dessas conjecturas está além de visões fantasiosas e distantes da realidade. Antes, são séries de mitos construídos durante séculos e alimentados pelo preconceito e pelo receio irracional do desconhecido. É dessa mesma conjuntura que surgiu e se perpetrou o estigma de sociedade secreta, também distante da realidade atual.

Talvez nenhuma outra organização existente neste planeta tenha sido tão mal compreendida quanto a Maçonaria. Através dos tempos, elementos com objetivos inconfessáveis moveram campanhas difamatórias contra essa instituição. Mas nossos antecessores entenderam que não adiantaria defender publicamente a Ordem dessas críticas, porque o entendimento das massas estava por demais entorpecido pela propaganda ideológica que fora utilizada contra a Ordem Maçônica.

Antes da visão megalomaníaca e falsa de dominação mundial que toma o imaginário e o senso comum da população, o objetivo maior da Maçonaria é ser uma escola de vida para aqueles interessados em fazer um mundo melhor. Dessa forma, as reuniões realizadas nos templos maçônicos não são cultos, mas encontros em que são discutidos temas variados, de filosofia à história e assuntos contemporâneos do mundo moderno.

A Maçonaria pode ser definida apenas como uma sociedade discreta e não é, como muitos pensam, uma religião. Na realidade, congrega nas Lojas Maçônicas pessoas de diferentes credos em um ambiente de harmonia, paz e confiança entre seus membros. Não raro, temos reuniões realizadas tranquilamente com Irmãos muçulmanos, judeus, neopentecostais, católicos, espíritas e seguidores de religiões de matriz africana. Em suma, reúne homens de boa vontade, movidos pelo máximo ideal de servir, de construir uma sociedade mais saudável e um mundo melhor.

Foi nesse ambiente de união entre pessoas comprometidas com o bem comum para atuar como vanguarda das mudanças sociais que fatos marcantes da nossa história como brasileiros aconteceram. Foi das Lojas Maçônicas que partiu, por exemplo, um movimento de maçons brasileiros que, liderados principalmente por Gonçalves Ledo e José Bonifácio de Andrade e Silva, culminou na Proclamação da Independência do Brasil.

Além do Sete de Setembro, a Ordem Maçônica também esteve presente em momentos como a Proclamação da República, a Abolição da Escravatura e na redemocratização do País, entre outros eventos marcantes. Hoje não é diferente - a Maçonaria atua em meio ao cenário de crise política e econômica do nosso País alinhada com outras organizações da sociedade civil por uma renovação nacional.

Um exemplo disso é o Grupo Estadual de Ação Política (GEAP-SP), iniciativa da Maçonaria paulista que tem o objetivo de lutar pela construção de uma classe política brasileira compostapor pessoas comprometidas com os valores éticos, com a Pátria e com o bem comum. A ideia é identificar lideranças em potencial na Maçonaria e na sociedade como um todo, apoiando esses indivíduos para que disputem os espaços hoje ocupados por uma parcela significativa de corruptos.

Seja no passado ou hoje, as conquistas da Ordem foram todas fruto de seu verdadeiro e mais precioso bem: os Maçons. São esses construtores que antes erguiam catedrais e monumentos, mas que atualmente edificam obras de transformação social, que lutam diariamente pela melhora da humanidade – e continuarão lutando pelos séculos que virão.

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