Prosperidade

Reginaldo Villazón

No último domingo (01 de janeiro de 2017), mais de cinco mil prefeitos – eleitos e sem pendências judiciais – tomaram posse no território nacional para comandar a administração dos seus municípios por quatro anos, de 2017 a 2020. Eles não ignoram os tempos difíceis atuais, na política e na economia, mas procuram ganhar a confiança da população com a proposta de boa gestão. Por seu lado, a população os observa com incerteza, todavia sem perder a esperança de prosperidade para as comunidades.

Não é falso afirmar que os políticos e cidadãos brasileiros compõem classes sociais diferentes. De fato, uns e outros vivem em mundos separados desde o Brasil colonial, passando pelo Brasil imperial e chegando ao Brasil republicano. Os políticos e os cidadãos sempre estiveram nos pratos opostos da mesma balança, inclinados em favor dos políticos. Os "currais eleitorais" e o "voto de cabresto", práticas usuais em outros tempos, denunciam a relação de poder entre opressores e oprimidos.

Hoje, privilégios garantidos aos políticos e negados aos cidadãos os colocam em diferentes condições sociais. Os estudiosos do assunto revelam que a relação de poder entre opressores e oprimidos não distingue bons e maus, mocinhos e bandidos. Os políticos que perdem a posição de políticos caem para a posição de cidadãos. Os cidadãos que ganham a posição de políticos assumem os privilégios dos políticos. Assim, opressores e oprimidos são participantes iguais nesse modelo de poder.

Pode parecer que os resultados desse modelo sejam ótimos para os opressores e péssimos para os oprimidos. Não é bem assim. A fragmentação social (entre opressores e oprimidos) trava o desenvolvimento político, social e econômico. Embora os opressores logrem vantagens sobre os oprimidos, eles também sofrem os efeitos negativos do subdesenvolvimento. Por este motivo, há quem rejeite ficar entre os primeiros num lugar atrasado e prefira estar entre os últimos num lugar adiantado.

As pessoas que aspiram pela prosperidade em suas comunidades devem compreender que a subordinação entre políticos e cidadãos tem que acabar. Eliminar os opressores elimina também os oprimidos. Eliminar os oprimidos elimina também os opressores. Mas não se pode esperar que a erradicação gradativa de ambos aconteça por iniciativas espontâneas dos opressores, cujo interesse está em "promover mudanças para manter as coisas do mesmo jeito", pois ninguém trabalha para perder o poder.

Comunidades nas quais seus cidadãos aceitam passivamente as decisões dos seus governantes, sem insatisfação nem cobrança, tendem a ficar estagnadas. Não é regra geral. Os cidadãos podem provocar transformações que geram prosperidade nas suas comunidades, quando resolvem deixar de ser oprimidos. Isto está acontecendo no Brasil. A democracia e as novas tecnologias estão disseminando algo importante – o Conhecimento –, que está ampliando a consciência e melhorando as atitudes dos cidadãos.

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