Heroísmo anônimo

José Renato Nalini, Secretário estadual de Educação

A rede pública da educação paulista é um universo complexo cuja dimensão é desconhecida da maior parte da população. Pouca gente possui a noção de seu gigantismo: quase quatro milhões de alunos, distribuídos por mais de cinco mil escolas, entregues a mais de 230 mil professores. Mais os outros profissionais da educação chegam a 300 mil pessoas, às quais se adicionam outros 100 mil inativos. A cada refeição escolar, mais de dois milhões de estudantes se alimentam. Qual é o restaurante capaz de suprir a essa demanda?

Um corpo dinâmico, oscilante em números, diante da própria natureza da missão educativa: quantos alunos faltam por dia? Quantos professores estão hoje ausentes? A cada dia um novo flash, que nunca se repete; nunca é igual à véspera. O que se pode garantir é que o magistério paulista cumpre sua missão. A despeito das dificuldades, do contingenciamento de verbas em decorrência da crescente queda de arrecadação, que aflige São Paulo de maneira muito mais intensa que outros estados-membros menos industrializados, os professores continuam a transmitir conhecimento e experiência ao alunado. Tanto que este caminha rumo à excelência no aprendizado. Longo caminho a ser percorrido até atingir os índices do primeiro mundo. Mas a progressão é verificada a cada ano.

Em inúmeras escolas estaduais há diretores entusiastas, que conseguem motivar toda a sua equipe e manter acessa a chama. Há professoras que conseguem maravilhas com crianças e jovens vulneráveis e que se retroalimentam de fé quando assistem ao fenômeno da transformação. Há talentos impulsionando a infância não só a se alfabetizar, mas a adquirir o amor pela leitura, compreender o significado de um processo de aquisição do conhecimento e de treinamento para a cidadania e de qualificação para o trabalho. Quando se constata o que conseguem esses heróis anônimos, com imensas dificuldades, mas com a força extraível da consciência de sua missão, conclui-se – e ainda bem! – que a educação tem jeito. É só injetar carinho em seus artífices.

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