Ameaças

Reginaldo Villazón

Os Jogos Olímpicos 2016 chegam ao Brasil para encantar o mundo com espetáculos refinados de competição esportiva. As cerimônias de abertura (05 de agosto) e encerramento (21 de agosto) asseveram o caráter dos Jogos Olímpicos: a união dos povos em torno de práticas desportivas, em clima de paz e amizade. Na prática, é isto mesmo que acontece. As delegações dos países aproveitam a ocasião para confraternização, entre elas mesmas e com o público. Os competidores dão o melhor de si e não se hostilizam.

Com os Jogos Olímpicos vem a preocupação com possíveis atos terroristas. O Brasil não está envolvido em guerras e mantém – dentro e fora do seu território – relacionamentos amistosos com todos os povos. Mas os atos terroristas – algumas vezes – não se identificam com o país agredido nem com as pessoas atingidas. Nestes casos, a oportunidade de grande exposição do mal feito – e assim ampliar o terror – fala mais alto. A estratégia do terrorismo é exatamente esta: causar o máximo de terror nas pessoas.

É importante entendermos o terrorismo para evitarmos erros de julgamento. O terrorismo, em diversas situações e formas, existe desde a história antiga. A tradição designa de "terrorismo" as ações violentas praticadas por grupos de indivíduos, motivados por ideologias, religiões, etnias. As ações violentas praticada pelos governos são justificadas, por exemplo, em nome da segurança nacional. Mas elas existem, arbitrárias. Por isto, hoje os críticos utilizam a expressão "terrorismo de estado".

A tentativa de desacreditar os grupos terroristas, supondo que eles são formados por psicopatas, não deu resultado. A análise das idéias e atitudes dos governantes, encarregados de combater o terrorismo, mostrou que eles não são mais saudáveis que os terroristas. Tal constatação ajudou a entender que os terroristas têm motivos reais para afrontar governos e povos através das práticas violentas. Os estudiosos do assunto acabaram por reconhecer que o terrorismo é um fato social, autêntico como outros.

Dois fatores contemporâneos são apontados no fomento do terrorismo. Primeiro, o capitalismo neoliberal que norteia as políticas interna e externa dos governos. Ele concentra a renda nas mãos de uma minoria e deteriora a vida da maioria mundo afora. Segundo, a transformação das sociedades nacionais homogêneas (étnica e culturalmente) em sociedades nacionais diversificadas pela entrada de imigrantes. Esta nova conjuntura provoca a existência de cidadãos desiguais e conflitos entre eles.

É praticamente impossível acabar com o terrorismo que acontece no mundo. Pelo menos, dentro de poucos anos. Não há dúvida que terrorismo tem suas causas. Terrorismo não significa, simplesmente, luta pelo poder. Enquanto as diferenças sociais, políticas e econômicas não forem tratadas com responsabilidade, o terrorismo estará presente. Mas quando os governantes fizerem discursos contra o terrorismo e, ao mesmo tempo, suspenderem a venda de armas aos terroristas, o horror começará a definhar.

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