O imperecível

*José Renato Nalini

 
Acabo de voltar da Rússia. Só estive em Moscou e por menos de uma semana. Mas tenho uma ideia do que significa patriotismo. Moscou está em reformas. Todas as ruas e todas as fachadas estão merecendo obras de melhoria e de restauração. Os russos querem mostrar ao mundo o que é amor ao que é deles. Falam com orgulho de sua história, suas lutas, suas mortes. E de como levam a sério a educação.

Educação que não é só conhecimento. Este é levado a sério. Mas educação que os faz manter todas as estações do metrô limpas e preservadas. Há milhares de lâmpadas acesas em salões que lembram Versalhes. Nenhuma delas queimada. Não há bitucas no chão. Nem pichação. Nem buzina. Nem gritaria. Não se desrespeita a sinalização do trânsito. Enquanto os semáforos não estão verdes, ninguém atravessa. Os monumentos limpos e brilhantes recebem flores anônimas. De pessoas que reverenciam seus heróis. Que usam fotos e biografias de seus luminares nos painéis que envolvem a intensa azáfama da reconstrução nacional. Gentis, polidos, atenciosos e corteses. Percebem que o imperecível não é o monumento, mas a cultura. O amor à tradição. O sentido de pertença. O entusiasmo por aprender.

Visitei o MIPT – Moscou Instituto de Física e Tecnologia. Fui recebido por Tagir Aushev, Vice-Reitor para Pesquisa e Desenvolvimento Estratégico. Tivemos reunião de trabalho e tomei conhecimento da relevância desse centro universitário fundado em 1946 por cientistas laureados com o Nobel e que, desde então, conseguiu mais 10 Prêmios Nobel em Física e consegue atrair os melhores talentos entre os jovens russos, pois sabem que o único patrimônio que restará, a testemunhar o que é ou o que terá sido a Humanidade, é a cultura, a ciência, o patrimônio intelectual. A matéria o tempo corrói. Só o espírito vivifica.

Há muito a aprender com essa nossa parceira dos BRICs. Vamos continuar a intensificar esse convívio que para o Brasil é, além de proveitoso, questão de sobrevivência. *José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo

Comentários