Juventude da “jornada” em missão

Dom Reginaldo Andrietta, Bispo Diocesano de Jales

A Igreja Católica, ao contrário do que muitos pensam, mobiliza muitíssimos jovens. As Jornadas Mundiais da Juventude dão provas disso, chegando, em uma ou outra, a reunir 4 milhões. Dou aqui um testemunho sobre minha participação nessas Jornadas, partilhando questões para colaborar com o objetivo de João Paulo II, seu inspirador: "fazer a pessoa de Jesus o centro da fé e da vida de cada jovem para que Ele possa ser seu ponto de referência constante e inspiração".

Estive com muitos jovens na Jornada do Rio, em 2013. Vivi o que os meios de comunicação mostraram e o que não mostraram. A mídia centrou-se no Papa e nas grandes concentrações. Eu, particularmente, procurei observar a experiência vivida pela juventude. Tendo participado, também, em outras três Jornadas Mundiais e em muitos outros encontros de Igreja em âmbito internacional, eu já imaginava as belíssimas mensagens dirigidas aos jovens, através de catequeses, shows e celebrações "espetaculares".

Alegraram-me as palavras contundentes e desafiadoras do Papa Francisco. Vale a pena retomá-las e ver suas implicações práticas. Pergunto-me, no entanto, o que disseram os próprios jovens, além de alguns testemunhos? O que intercambiaram, além das expressões de afeto, bandeiras e lembrancinhas? O que conheceram uns dos outros? Quais problemas debateram? Quais desafios identificaram? Quais ações decidiram implementar juntos? Como muitos, aguardo respostas.

Os jovens necessitam sentir a força que emerge de grandes concentrações em torno de ícones do catolicismo, como o Papa. Porém, necessitam reconhecer a força que também pode emergir da partilha de suas experiências de vida, do debate sobre a realidade que os envolve, de sua própria interpretação da realidade à luz da Palavra de Deus, e de um programa de ações comuns que, além de impactar suas vidas pessoais, visem transformar estruturas globais da sociedade.

Muitos jovens terminaram aquela Jornada do Rio visualizando participarem na destes dias, em Cracóvia, Polônia. Muitos regressarão desta, pensando, também, na seguinte. As companhias aéreas agradecem. Como fica, no entanto, o compromisso desses jovens em suas Dioceses e comunidades? Compete-lhes partilhar o que viram, debater o que ouviram, avaliar o que viveram e, sobretudo, colocar em prática o que aprenderam. O que farão de significativo neste sentido?

Na dúvida, teço elogios aos que, participando ou não de Jornadas, desenvolvem seus engajamentos missionários. Para manter aceso este espírito missionário, foi inclusive criado, logo após a Jornada do Rio, o projeto "Rota 300", em relação com os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, que será comemorado em 2017. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está dando um caráter juvenil a este projeto, como forma de impulsionar o espírito missionário da juventude.

Teço também elogios aos jovens que avançam em suas ações desde seus ambientes de vida, sendo participantes ou não de Jornadas Mundiais, mas sempre comprometidos com seu objetivo fundamental. Afinal, a vida da juventude não se transforma para melhor, somente por encontros, mesmo que sejam grandes e belos, senão por ações em suas mais variadas realidades quotidianas. Que os participantes de Jornadas Mundiais da Juventude reflitam sobre esse desafio!

Que todos, finalmente, façamos confiança nos jovens. "Cristo bota fé nos jovens". Essas palavras do Papa Francisco na Jornada do Rio, ecoam na Jornada de Cracóvia, desafiando os jovens a serem verdadeiramente missionários desde suas realidades, transformando-as. Que os mesmos tenham bem presentes em suas mentes, orações e ações, sobretudo os jovens, onde quer que estejam, vivendo experiências de exclusão! Que "saiam", então, em missão!



 

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