Cultura urbana urge ser transformada

Pessoas de bom senso, especialmente as que se inspiram em princípios cristãos, estão cada vez mais conscientes de que os desafios do mundo de hoje, especialmente os que emergem da realidade urbana, necessitam ser tratados com inteligência e responsabilidade. O mundo urbano, muito além do seu caos, por aglomerar pessoas e problemas, gera uma cultura que urge transformações.

Essa urgência advém, em primeiro lugar, do processo contínuo e acelerado de urbanização. A Organização das Nações Unidas, em um estudo publicado em 2013 sobre "Perspectivas da População Mundial", estimou a existência de 7,2 bilhões de pessoas no planeta, entre as quais mais da metade vive em grandes centros urbanos.

No Brasil, essa realidade tornou-se extremamente preocupante. Deixamos de ser um país essencialmente rural no fim da década de 60, quando a população urbana chegou a 56%. Apenas 40 anos depois, em 2010, o Censo do IBGE estimou 84% de nossa população concentradas em áreas urbanas, sobretudo metrópoles.

Estudos avançados sobre a realidade urbana se tornaram extremamente necessários, e as soluções se tornaram urgentes, devendo abranger muitas dimensões, tais como a demográfica, econômica, social, política, cultural, ecológica, psicológica e espiritual, ou seja, condições objetivas e subjetivas.

Uma análise imediata dessa questão evidencia dois problemas importantes: o grande desequilíbrio entre cidade e campo, e a imposição globalizada da cultura urbana. Essa cultura se globaliza rapidamente, impondo-se em todos os rincões do planeta.

Já não é estranho, por exemplo, encontrar indígenas, em aldeias, conectados a emissoras de rádio e de TV de grandes cidades; lavradores fazendo uso de tratores com GPS e piloto automático, bem como crianças de pouquíssima idade e pessoas de baixíssima renda utilizando sofisticados aparelhos eletrônicos.

Aparentemente, a globalização da cultura urbana, tida como modernizante, é inócua. No entanto, tornou-se um "cavalo de troia". Refiro-me à lenda grega do grande cavalo de madeira, oco por dentro, que os troianos receberam como presente, contendo em seu interior guerreiros inimigos.

Aparentemente, o mundo urbano é o espaço da liberdade onde tudo parece possível. Este espaço, porém, é preenchido pela ideologia consumista propiciada pelo fascínio do bem-estar material e emocional. O desejo totalmente liberado causado por este fascínio, propicia contraditoriamente, o desenvolvimento de atitudes antissociais.

Diante desse contexto, pessoas de bom senso, especialmente cristãos, assumem mais e mais o desafio de atuarem coletivamente, colocando em questão o modelo de sociedade em sua globalidade, evitando ações exclusivamente reformadoras da vida social, quando a dinâmica global da sociedade é desumanizante.

Sejamos, portanto, inteligentes e responsáveis! Que nossas ações setoriais e coletivas possam permear as mais variadas áreas da vida em sociedade, transformando especialmente os mecanismos mercantilistas da cultura, essencialmente urbana, em mecanismos de colaboração e preservação da vida em sua globalidade!

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