DPOC será a 3ª maior causa de morte em 2020 no mundo, segundo OMS

 Falta de diagnóstico propicia o avanço da doença e compromete qualidade de vida
São Paulo, março de 2016 - Com o progresso tecnológico e a maior emissão de gases tóxicos, a saúde da população sofre com diferentes tipos de doenças. Entre elas, a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), responsável por dificultar progressivamente o fluxo de ar para os pulmões e que foi, nos últimos 10 anos, a 5ª maior causa de internações no Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o próprio Sistema, e será a 3ª maior causa de morte em 2020 no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A DPOC usualmente inicia pela bronquite crônica, caracterizada por tosse e catarro. Progressivamente irá se desenvolver enfisema, que é a destruição das paredes dos alvéolos.

A doença é causada pela inspiração de partículas nocivas encontradas em fumaças como a do cigarro, químicos, madeira e poluição. Com isso, a enfermidade demora anos para se manifestar, fazendo com que seus pacientes apresentem sintomas a partir dos 40 anos. "Em seu estágio inicial a DPOC causa falta de ar apenas durante esforço físico, e por isso o paciente vive anos sem perceber a presença da doença", afirma o Dr. José Jardim, Pneumologista, e Professor-Livre Docente da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP.

Apesar do grande número de pacientes, apenas 12% deles são diagnosticados com a doença, dos quais apenas 18% são devidamente tratados, segundo a Associação Brasileira de Portadores de DPOC (ABP DPOC). O diagnóstico da DPOC é realizado por meio da espirometria, um exame que mede o volume de ar e a rapidez que uma pessoa pode inspirar e expirar. Quando constatada a doença, é necessário definir em qual dos 4 estágios a doença se encontra.

Em seu primeiro estágio, chamado de GRAU LEVE, o paciente apresenta uma limitação leve no fluxo de ar, seguido de tosse e expectoração, porém a doença não afeta sua rotina. No próximo estágio, GRAU MODERADO, pode-se observar o aumento da falta de ar durante a realização de esforço físico, além da frequência da tosse e expectoração, sendo geralmente a fase em que o paciente procura um especialista.

O GRAU GRAVE segue como uma continuação do anterior, com progressiva diminuição da função pulmonar e aparecimento de surtos de infecção pulmonar, chamada de exacerbação. Já no último estágio, GRAU MUITO GRAVE, o paciente apresenta menos de 50% da função esperada do pulmão, dificuldade extrema em respirar, inclusive durante tarefas diárias fadiga e exacerbações mais frequente.

A DPOC está intimamente ligada a perda na qualidade de vida das pessoas. "Com o avanço da doença o paciente passa a ter dificuldade de realizar tarefas cotidianas como tomar banho, se vestir, e até mesmo repousar", afirma o especialista. É comum que o paciente muito grave tenha de ser suplementado com oxigênio contínuo.

Tabagismo
Apesar de ser provocado por diferentes tipos de fumaça, o principal agente causador da DPOC continua sendo o cigarro. A fumaça do cigarro não compromete apenas o fumante, mas também aqueles que estão ao seu redor. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a fumaça liberada pela ponta do cigarro contém 3 vezes mais nicotina e monóxido de carbono, e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça inalada pelo fumante.
Tratamento
Apesar de não ter cura, é possível preservar a qualidade de vida do paciente por meio de um tratamento individual com diferentes especialistas, como pneumologista, fisioterapeuta e nutricionista. No entanto é de extrema importância a interrupção do tabagismo, e procurar evitar a inalação de poeira e poluentes.
"O tratamento medicamentoso é aconselhado de acordo com o grau apresentado pelo paciente. Na fase inicial são utilizados broncodilatadores, que relaxam a musculatura ao redor do aparelho respiratório, facilitando a respiração", completa Dr. Jardim.

Durante o processo infeccioso, o uso de medicamentos anti-infecciosos como o moxifloxacino (Avalox®, da Bayer) oferece, para 70% dos pacientes, uma melhora do quadro em até três dias. Além disso, pesquisas revelam que os pacientes mais graves que utilizaram o medicamento intermitentemente por um ano, apresentaram uma diminuição de infecções em 45% e um crescimento no intervalo entre as crises.

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