Cão recebe marcapasso na Unesp de Botucatu

 
Parceria no procedimento traz benefício ao ensino de residentes e pós-graduandos

No dia 3 de março, por meio de uma parceria entre a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) e a Faculdade de Medicina (FM) da Unesp de Botucatu aconteceu uma cirurgia de implante de um aparelho marcapasso num cão fêmea da raça Schnauzer, de 10 anos de idade.
A cachorra Joana foi conduzida ao Hospital Veterinário da Unesp por sua proprietária, em virtude de síncopes (desmaios) muito frequentes e convulsões, Joana foi examinada pela residente Bárbara Keiko Kichise e pela equipe do Serviço de Cardiologia Veterinária da FMVZ, orientada pela professora Maria Lucia Gomes Lourenço. O eletrocardiograma da paciente apontou alterações compatíveis com uma enfermidade denominada Síndrome do Nodo Doente, muito comum em fêmeas da raça Schnauzer.
Um monitoramento de 24 horas dos batimentos cardíacos do animal confirmou o diagnóstico. “Ela apresentou alterações significativas, com pausas longas nos batimentos que provocavam os desmaios. Chegamos a registrar pausas de 8 segundos. Pela gravidade do caso, sabíamos que teríamos resultados parciais com os medicamentos. O que realmente daria sobrevida a ela seria o implante do marcapasso”, explica a pós-graduanda Amanda Sarita Cruz Aleixo.
A equipe do Serviço de Cardiologia Veterinária da FMVZ se mobilizou para buscar viabilizar a implantação de um marcapasso na paciente. O professor Rubens Ramos de Andrade, da Faculdade de Medicina, foi contatado e se dispôs a colaborar no caso. Além de ceder o marcapasso, o professor Rubens, com apoio dos residentes em Medicina André Garzesi e Leonardo Garcia e acompanhamento da equipe da FMVZ, realizou a cirurgia de implantação. Em razão das condições e equipamentos necessários, o procedimento foi realizado nas instalações da Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina.
A anestesia foi feita pela equipe do Serviço de Anestesiologia Veterinária da FMVZ, com a residente Carolina Hagy Girotto, a médica veterinária Natache Garofalo, a pós-graduanda Mariana Werneck, sob a supervisão do professor Francisco José Teixeira Neto. Uma medicação importante utilizada no procedimento foi cedida pela professora Patrícia Fidelis de Oliveira, da Faculdade de Medicina.
Antes da cirurgia a proprietária foi alertada sobre a gravidade do caso e a possibilidade de óbito do animal. “Desde o início, ela assumiu os riscos e autorizou o procedimento. Tudo foi feito com muita cautela, com todos os materiais, medicamentos e equipamentos, inclusive os necessários para possíveis intervenções de emergência”, ressalta a pós-graduanda Angélica Affonso.
O procedimento foi muito bem sucedido. Os membros do Serviço de Cardiologia Veterinária da FMVZ monitoraram a paciente intensivamente nas primeiras 24 horas. Por aproximadamente dois meses o animal será submetido a exames semanais para acompanhar seu estado. A evolução do caso tem agradado a equipe. “Os desmaios cessaram completamente e o animal apresentou uma melhora significativa até o momento”, conta Amanda.
Rosa Maria da Silva, proprietária do animal, atesta o sucesso do procedimento. “Eu achei que minha cachorrinha não ia sobreviver. Mas eles correram com ela, fizeram de tudo, conseguiram o marcapasso. Desde a cirurgia ela não teve nenhum desmaio. Está brincando, se alimentando. Não tenho como agradecer as meninas que cuidaram dela e a professora Malu. Fico até emocionada de falar”.

Marcapasso
Segundo a professora Maria Lucia, a primeira implantação de um marcapasso em cão aconteceu em 1967. Utilizando a técnica de implantação transvenosa, a mesma a que Joana foi submetida, o primeiro procedimento foi realizado em 1976. “A técnica já é preconizada, mas não é feita com tanta frequência no Brasil, inclusive pelo alto custo do aparelho e de todo o procedimento”.

Além da importância da parceria multidiscilplinar entre setores da FMVZ e da FM, a docente salientou os benefícios para o ensino. “Como não é uma cirurgia feita rotineiramente, foi muito importante para que os residentes e pós-graduandos de várias áreas pudessem acompanhar esse procedimento, além de possibilitar a interação com a equipe da Faculdade de Medicina. Agora, temos um exemplo para mostrar sobre colocação de marcapasso em cães. Isso gera um grande interesse nos alunos. Além de atender o animal, todo o processo foi muito produtivo e estimulante em termos didáticos”.
Publicado originalmente emhttp://www.acontecebotucatu.com.br/default.asp?id=noticias&codigo=22785
Ass. de Imprensa da FMVZ/Botucatu

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