O livro

Reginaldo Villazón

As estatísticas são necessárias para a avaliação de acontecimentos e indispensáveis para a elaboração de planejamentos. Todos os dias, tomamos conhecimento de dados estatísticos levantados por estudiosos em todas as áreas. À medida que o país se desenvolve, as estatísticas vão se tornando uma rotina. Se chegam à condição de mania, podem mais atrapalhar do que ajudar. Nós nos vemos incluídos nas estatísticas de pessoas que vão sofrer diabetes, hepatite, infarto. E de pessoas que vão morrer num navio, num trem, num elevador.

Na prática, nós podemos estar bem situados numa empreitada de apenas 10% de probabilidade de sucesso. E pior em outra de mais de 90% de probabilidade de êxito. Depende de aprofundar o assunto para usar as estatísticas com bom proveito. É válido que tomemos providências para nos manter afastados das estatísticas ruins e nos manter próximos das boas. Agir com responsabilidade, contornar riscos e cuidar da saúde pode privilegiar quem assim decide fazer. Isto é saber usar as estatísticas com sabedoria.

Em 2014, uma estatística publicada sobre os povos que mais se dedicam à leitura (avaliados em horas de leitura por pessoa) revelou dados surpreendentes. A lista foi encabeçada por países asiáticos: (1) Índia, (2) Tailândia, (3) China e (4) Filipinas. Depois, vieram: (5) Egito, (6) República Checa e (7) Rússia. Povos ilustres ocuparam posições sem destaque: (9) França, (21) Canadá, (22) Alemanha, (23) Estados Unidos, (24) Itália, (26) Reino Unido. Nosso país ficou na cauda da lista de trinta povos: (27) Brasil.

Em 2015, uma estatística publicada sobre os povos mais ricos (avaliados em renda por pessoa) também causou surpresas. Os primeiros: (1) Qatar, (2) Luxemburgo, (3) Cingapura, (4) Noruega, (5) Brunei, (6) Hong Kong, (7) Estados Unidos, (8) Emirados Árabes, (9) Suíça e (10) Austrália. Outros povos: (77) Brasil, (90) China, (130) Índia. Vemos que esta lista não guarda relação com a anterior. Ou seja, os povos que mais lêem não são os mais ricos. Basta vermos a Índia e a China nas duas listas. O Brasil, fraco também nesta lista de 184 povos.

Em 2015, também foi divulgada uma estatística sobre povos de melhor desempenho em educação (avaliados em provas de ciências e matemática a estudantes). As cinco primeiras posições ficaram com países asiáticos: (1) Cingapura, (2) Hong Kong, (3) Coréia do Sul, (4) Japão e (5) Taiwan. Outros países: (10) Canadá, (13) Alemanha, (20) Reino Unido, (21) República Checa, (23) França, (26) Luxemburgo, (28) Itália, (29) Estados Unidos, (34) Rússia. Houve coerências com a primeira estatística. De novo, fraco entre 76 povos: (60) Brasil.

Reunindo estatísticas, podemos ver conexões por trás das incoerências. Seria infame negar que o hábito da leitura (como do estudo) desenvolve os processos mentais, melhora as decisões, promove a cidadania. Os povos asiáticos devem ser olhados de forma positiva. Se os indianos e chineses lêem muito, mas não estão ricos, é uma questão de tempo. Eles estão se desenvolvendo e superando a miséria. Ler mais não garante riqueza e felicidade, mas qualifica os candidatos a realizar estas justas aspirações.

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