Coordenador do MPF na Lava Jato diz que atual momento deve ser aproveitado para atitudes efetivas contra a corrupção


O procurador da República Deltan Dallagnol participou do lançamento da campanha “10
medidas contra a corrupção” em São Paulo nesta terça-feira

O coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato,
procurador Deltan Dallagnol, afirmou que o desdobramento das investigações,
iniciadas a partir das atividades de doleiros e que chegaram a um grande esquema de
corrupção, envolvendo funcionários da Petrobras e as maiores empreiteiras do país,
dá à maioria das pessoas a sensação de que mudanças importantes vão ocorrer ao final
da apuração dos crimes. Segundo ele, a operação traz esperanças de que a corrupção
ocupe outro lugar no país e que não seja mais olhada como algo habitual, com que a
sociedade brasileira deva se acostumar.

O destaque obtido pela Operação Lava Jato se deve à rapidez incomum com que as
punições já estão sendo aplicadas e a quem elas estão atingindo. Para o
representante do Ministério Público Federal isso estimula o aumento do número de
colaborações premiadas, já que os réus não veem alternativa melhor que não seja
ajudar com as investigações, na tentativa de abrandarem suas penas.

O procurador lembrou que foram três os pilares que nortearam a formulação das 10
medidas contra a corrupção: prevenção; punição adequada e meios de recuperação dos
valores desviados dos cofres públicos e o fim da impunidade. Para ele, se esses
conceitos estiverem presentes na nossa legislação, tanto corruptos quanto
corruptores saberão que haverá penas severas caso sejam descobertos, o que inibirá
atos de pagamento de propina, desvio de dinheiro e favorecimento.

Deltan Dallagnol afirmou que há dois caminhos para tentar coibir a corrupção. Um
deles é o da  moralidade, em que a questão é tratada como algo pessoal, que depende
da consciência e dos valores de cada um. Por outro lado, há a interpretação de que
isso deve ser tratado como um problema público e coibido com políticas educativas e
punitivas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a corrupção no Brasil
movimenta R$ 200 bilhões ao ano. Só as propinas relacionadas aos funcionários da
Petrobras, apuradas pela Lava Jato, chegam a R$ 6,2 bilhões. Desde o início da
Operação Lava Jato, já foram apresentadas 31 acusações criminais contra 143 pessoas,
além de 5 acusações por improbidade administrativa contra 37 envolvidos. Os números
da investigação indicam também 53 pedidos de cooperação internacional, 28 acordos de
colaboração premiada e R$ 870 milhões revertidos aos cofres públicos.

ASSINATURAS. A campanha “10 medidas contra a corrupção” já arrecadou cerca de 200
mil assinaturas em todo o país. O objetivo é chegar a 1,5 milhão de adesões para
configurar apoio popular à tramitação, no Congresso Nacional, de 20 anteprojetos que
contemplam os pontos elencados na campanha, que é apartidária.

As assinaturas para a campanha estão sendo colhidas em todas as unidades do
Ministério Público Federal no país. Na capital paulista, até o próximo domingo, 20
de setembro, haverá um veículo do MPF na Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp, na avenida Paulista, 1313). A lista de assinaturas também pode ser
impressa no site da campanha: www.dezmedidas.mpf.mp.br e enviada ou entregue na
Procuradoria da República em São Paulo (Rua Frei Caneca, 1360).

O procurador Deltan Dallagnol falou para um público formado por procuradores do MPF,
na sede da Procuradoria da República em São Paulo, servidores, pessoas da sociedade
civil, além de representantes de diversas entidades ou instituições de diferentes

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