Já passou da hora, por D. Demétrio Valentini

A situação nacional chegou a um ponto limite. Está mais do que na hora de acabar com querelas políticas, que nada contribuem para superar a crise econômica, que precisa ser contornada com urgência. O Brasil passa por problemas conjunturais, que agravam ainda mais a situação, e que precisam ser enfrentados com realismo e competência. Há muito tempo, por exemplo, que não se via uma escassez de água como a verificada no sudeste do país, fruto de uma seca prolongada, com fortes reflexos na vida do povo, que se vê na contingência de pagar caro pela água, além de precisar racioná-la rigorosamente.
Mas os efeitos da crise hídrica não se manifestam só na escassez de água potável. Ela se traduz também em crise de energia, que precisa de soluções alternativas, que custam mais caro, além do risco iminente de racionamento, que a situação já faz pressentir.
Sejam quais forem os problemas, com sua evidente complexidade, resulta ainda mais evidente a urgência de um amplo entendimento, que envolva todo o país, em todas as suas esferas, tanto na sociedade civil, como nas estruturas do Estado, comprometendo o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, em todos os níveis, desde o federal até o local.
A hora é de entendimento, de diálogo, e de comprometimento. Chega de questionar o resultado das eleições, chega de pedir a renúncia dos governantes, chega de apelar para o impedimento da Presidente Dilma.
Nesta perspectiva é louvável a iniciativa da OAB e de outras entidades como a Confederação Nacional da Indústria, a Confederação Nacional da Agricultura e a Confederação Nacional do Comércio, além de outras organizações da sociedade civil, propondo uma "carta à nação", com sugestões para tirar a economia da crise, e combater a corrupção. A carta diz que "independentemente de posições partidárias, o Brasil não pode parar nem ter sua população e seu setor produtivo penalizados por disputas ou por dificuldades de condução de um processo político que recoloque o país no caminho do crescimento".
Com estas intenções, o movimento aponta saídas, como por exemplo, esta, de "dar força aos órgãos de investigação e ao Poder Judiciário para que a corrupção não siga como um empecilho para o desenvolvimento do país".
São apresentadas também sugestões para se evitar o desemprego e a recessão, com a insistência de se ter regras claras para estimular o investimento na infra estrutura, a ser feito em parceria com a iniciativa privada nacional e estrangeira.
Nestas circunstâncias, haveria clima mais favorável, para se empreender de vez uma reforma administrativa, com a finalidade de enxugar a máquina, para torná-la mais eficaz e menos onerosa.
O movimento não representa nenhum partido e vai criar um fórum permanente para dialogar com o governo e o Congresso.
Tudo para dizer que ainda é possível o diálogo e o entendimento amplo, em vista da superação da crise que precisa ser debelada a todo custo.


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