Clube de Roma, por Reginaldo Villazón

Há pessoas que pensam e agem, como se a economia fosse prosseguir sempre igual, apoiada nos fundamentos vigentes. Há pessoas que vinculam suas vidas ao consumo de bens e serviços de duração programada rápida, como se isso fosse infindável. Para essas pessoas, que preservam o hábito de eternizar o presente, um pouco de história não fará mal. Não se trata apenas, por exemplo, de dizer aos produtores e consumidores de telefones celulares descartáveis que eles estão errados e que esta mamata vai acabar.

Em abril de 1968, numa pequena vila de Roma (Itália), um grupo de pessoas ilustres – organizado por um empresário italiano e um cientista escocês – reuniu-se para discutir questões relativas ao crescimento econômico e ao consumo de recursos naturais no planeta. No final, o grupo se intitulou Clube de Roma com o propósito de envolver mais pessoas nas discussões. Quatro anos depois (1972), lançou o documento "Os limites do crescimento", feito por encomenda a uma equipe de cientistas. Houve grande repercussão mundial.

Mas as questões levantadas foram desprezadas pela maioria das pessoas. Pareceram ser apenas profecias catastróficas. Afinal, era só 1972. Naquele ano, havia menos de 4 bilhões de habitantes no mundo. Era relevante a disputa ideológica (capitalismo x socialismo) entre os Estados Unidos e a União Soviética. Os Estados Unidos lutavam pesado na Guerra do Vietnã. No Brasil, a ditadura militar iniciava o combate à Guerrilha do Araguaia. A USP apresentava o primeiro computador construído no país, o "Patinho Feio".

O brilhante economista brasileiro Celso Furtado (1920 – 2004), embora não tenha participado do Clube de Roma, pois na época era um brasileiro exilado na Europa com dificuldade até de renovar o passaporte, deu uma grande contribuição. Ele estudou o documento do Clube de Roma e publicou o livro "O mito do desenvolvimento econômico" (1974). Tratou do impacto da economia sobre o meio ambiente e dos entraves para estender elevados padrões econômicos de produtividade, renda e consumo a todos os povos.

De lá para cá, muita coisa aconteceu. Novos conhecimentos sobre a poluição, a degradação ambiental, as alterações climáticas, o crescimento populacional e a persistência da pobreza fizeram com que cientistas e ambientalistas se unissem para conscientizar e cobrar atitudes dos líderes mundiais e dos povos. Ainda que gananciosos teimem em errar, como partir para escavações no fundo dos mares, destruindo ecossistemas importantes, hoje pessoas e instituições de prestígio não se intimidam em tomar posições contrárias.

Há décadas, o Clube de Roma vem consolidando a idéia de sustentabilidade e aprofundando temas como a interdependência das nações e o bem-estar dos povos. Assim, tendo sede na Suíça, vem expandindo a sua participação no mundo. Na busca de "novos caminhos para o desenvolvimento global", assinala que a humanidade terá que adotar comportamentos bem diferentes dos atuais, muito mais responsáveis, para evitar um colapso global e promover o desenvolvimento social a toda população do planeta.

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