Economia e negócios: o turismo religioso, por Beatriz Aparecida Silva Leite e Andréa Yumi Sugishita Kanikadan

O turismo está começando a tomar algumas proporções importantes no cenário brasileiro, porém, para que de fato possa ser considerado Turismo, algumas questões no mercado devem ser avaliadas. Para saber se uma cidade conseguiria receber turistas, antes é preciso fazer uma pesquisa de mercado, para conhecer as particularidades do local, tais como número de habitantes, disponibilidade de hotéis e tipo de público-alvo.
De acordo com o artigo "Turismo como estratégia", do autor Marcio Ferrari, há muito tempo o Brasil vem tentado desmistificar a imagem de ser apenas um país do samba, futebol e mulheres sensuais. Pelo contrário, é possível encontrar muitos (outros) atrativos e lugares belíssimos para conhecer. Importa considerar, no entanto, que, tão importante quanto os turistas de outros países, também o é o público brasileiro, que muitas vezes escolhe, como primeira opção de viagem, o exterior, talvez por não saber das muitas maravilhas que podem ser encontradas no Brasil.
Mas o que turismo? Turismo é o conjunto de atividades que envolvem o deslocamento de pessoas de um lugar para outro, seja ele doméstico ou internacional. Nem toda viagem é considerada turismo e nem todas as pessoas que visitam um lugar são consideradas turistas. O turismo está ligado a diversos segmentos, entre eles o turismo de consumo, quando são organizadas excursões com o objetivo principal de fazer compras; o turismo religioso, realizado para encontros em regiões com tradição religiosa; o turismo cultural, o turismo rural, o turismo ecológico, entre outros.
São consideradas turistas as pessoas que saem de seu país ou região para uma viagem de visita a outro país, estado ou região por um período não superior a doze meses, sem que a intenção principal seja desenvolver uma atividade remunerada.
De acordo com o Relatório de Tendências 2015 da WTM LATIN AMERICA, o turismo religioso é um dos maiores segmentos do setor no Brasil, e esse mercado continua crescendo. Ainda de acordo com o Relatório, em 2014, 7,7 milhões de viagens domésticas feitas no Brasil foram relacionadas à fé. Um exemplo é o Santuário de Aparecida, que recebeu 12 milhões de turistas em 2014, quase o dobro do número de visitantes à Torre Eiffel em 2013.
Segundo Laurence Reinisch, Diretor da WTN Latin America, "Os patrimônios religiosos do mundo todo atraem entre 300 e 330 milhões de turistas por ano. O Brasil tem uma variedade ampla e talvez inigualável de atrações religiosas para os turistas domésticos, inter-regionais e internacionais visitarem".
De acordo com Vicente Neto, presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), Jerusalém, que é o berço de três grandes religiões, recebe anualmente milhões de turistas internacionais, boa parte interessada em conhecer locais importantes para judeus, cristãos e muçulmanos. Um dos pontos turísticos mais conhecidos de Roma, a cidade do Vaticano, centro do catolicismo, recebe mais de 10 milhões de visitantes de todo o mundo por ano, sobretudo católicos.
Nota-se, dessa forma, o turismo religioso como um dos segmentos de turismo que mais movimentam a economia. As pessoas que vão para essas localidades precisam de hospedagem, restaurantes e lanchonetes para se alimentar, adquirem artesanatos ou outros produtos e sempre levam lembranças da cidade. O turismo religioso, diferente de todos os outros segmentos de mercado do turismo, tem como motivação fundamental a fé. Está, portanto, ligado profundamente ao calendário de acontecimentos religiosos das localidades receptoras dos fluxos turísticos. É comum chamar "peregrinação" a cada viagem de turismo religioso.
A partir desses fatos, existe uma necessidade de olhar o turismo para além do turista. O turismo não é só importante para as pessoas que o fazem, mas especialmente para as cidades ou regiões que se utilizam dessa atividade como fonte de emprego e renda. É preciso que se invista nessa atividade, de modo que continue sendo uma das principais práticas econômicas e que seja feito um planejamento da cidade, de forma consciente, para que haja a preservação e a conservação dos locais visitados.
Beatriz Aparecida Silva Leite: Acadêmica do curso de Ciências Contábeis da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS. E-mail: beatriz_apda@yahoo.com.br  - Andréa Yumi Sugishita Kanikadan: Graduado e Mestre em Administração, Doutora em Ecologia Aplicada. Professor do curso de Administração Pública da UFAL – Campus de Arapiraca/AL. E-mail: akanikadan@gmail.com



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