FOLHAGERAL, da redação


Alguns vereadores, que não conheciam o parecer do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, estavam apreensivos antes da apreciação e votação na Sessão Extraordinária de quarta-feira (22). Temiam que a não cassação do vereador André Ricardo Viotto, o popular Macetão, pudesse abrir brechas para um "retorno" da ex-prefeita Nice ao cargo. Mas um uuuufa de alívio deve ter descarregado o semblante deles. Um dos vereadores chegou comentar a respeito com este colunista antes da sessão se realizar.

A apreensão era devida ao simples fato de que, no dia 16 de abril, o desembargador Eduardo Gouvêa, do TJ-SP, relator de um Agravo de Instrumento interposto por Nice Mistilides – onde está anexada a transcrição de toda a conversa entre Macetão e Aldo Nunes –, indefiriu, por ora, a concessão de efeito suspensivo ativo, mas despachou o seguinte:

"No que se refere à existência de fraude por parte dos vereadores para gerar o processo de cassação da agravante, entendo que se trata de matéria de mérito, devendo-se instalar o contraditório para melhor apreciar a questão. Requisitem-se informações. Int. São Paulo, 16 de abril de 2015. EDUARDO GOUVÊA, Relator."

O despacho foi publicado exatamente na quarta-feira, 22 de abril, no Diário Eletrônico de n° 1869. Ficou claro que o desembargador vai esperar as informações do Juiz da 2ª Vara de Jales no prazo de 10 dias, para decidir a respeito. Se contar em dias corridos, a informação  já deve estar com o desembargador e a decisão pode ter saido nesta sexta-feira. Por isto, parecia que uma nuvenzinha cinzenta espreitava no horizonte.

Na verdade Macetão morreu politicamente pela boca. Integrante do time dos "fala muito", muitas vezes não tomava o cuidado de refletir antes de falar. Esta foi sua perdição. Tristeza de um, alegria de outro. Sai Macetão, entra Nenê do Petshop, que graças aos seus 678 votos deu a cadeira a Macetão por pouco mais de 2 anos. Até parece que Deus fez Justiça, fazendo cada um cumprir meio mandato.

O cidadão André Ricardo Viotto não tem o que lamentar moralmente. Apesar de ter perdido o cargo no parlamento municipal de maneira inglória, os nove vereadores que julgaram o parecer do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar lhe passaram o atestado de político honesto, ao considerar que ele não levou vantagem pecuniária no episódio relatado.

Quando instalado vereador, Fagner Amado Pelarini (PRB) vai ter sobre si os olhos e ouvidos de todos, atentos para conhecer qual posição assumirá o Nenê durante o seu mandato. Será a favor, do contra ou de cima do muro? Ele já foi chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente. Lembrando: no próximo ano haverá eleição.

A posse do vereador suplente poderá acontecer na Sessão Ordinária da Câmara Municipal, na segunda-feira, 27 de abril, com início às 20 horas. Tomara que o novo vereador cumpra bem o seu papel no seu curto mandato. E tome cuidado para não se iludir com a carreira de político profissional.

Os partidos políticos PTB e DEM caminham para ultimar a formalização de unificação, segundo informações da mídia. O nome final será do partido que tiver mais filiações. Muito político, principalmente quem está de olho comprido nas cadeiras do Executivo em 2016, vai ficar de saia justa. Terá que pedir apoio destes ou daqueles para ver seu nome como cabeça de chapa. Haverá debandada.

Na décima primeira infração, apontada pela relatora Pérola Cardoso – "Praticar ofensas físicas ou morais no âmbito da Câmara Municipal ou desacatar outro parlamentar" –, o petebista Sérgio Nishimoto usou o bom-senso ao votar em favor do vereador Macetão.

Se defendendo na tribuna, o vereador Macetão fez questão de enfatizar que sua cassação estaria abrindo uma porta para o retorno de Nice ao cargo de prefeita. Muita gente sentiu um frio na barriga. Tanto foi que, no dia seguinte, houve muita indagação se isto seria possível. Verdade ou não, certo foi que o vereador cassado deixou muita gente assustada. Era o que ele queria.

O prefeito Callado não está jogando recursos públicos pela janela, segundo ele mesmo disse. Ele pretende recapear alguns milhares de metros quadrados de vias públicas com dinheiro da Prefeitura. Callado vai ter que se debruçar sobre a planilha de custos da Prefeitura e dar uma tesourada nos desperdícios para sobrar dinheiro e deixar as ruas da cidade no capricho para motorista não pôr defeito.

Disse o prefeito que os R$ 140 mil de contrapartida para os Jogos Regionais foi o primeiro passo. Seja assim, uma boa conversa com populares poderá ajudar muito. Política existe com boa articulação. É por isto que a política pode tornar possível muita dificuldade impossível.

Para os gestores públicos e privados, pode parecer que não seja salutar resolver os problemas que a mídia aponta. Isto porque – quem sabe? – pode haver quem interprete que eles não têm iniciativa própria para resolver os problemas pertinentes aos seus setores. A edição passada desta Folha, atendendo pedido de taxistas profissionais, divulgou a foto de uma placa de sinalização de trânsito de "carga e descarga", colocada num poste bem em frente ao Ponto de Táxi. Faz uma semana. Os representantes do povo – digam-se, o prefeito e os vereadores – não tomaram providência. Infelizmente. Se houvesse reclamação de um cidadão com influência e poder, a placa já não estaria mais lá ou teriam apagado ou encoberto as palavras "carga e descarga", com agradecimento dos gestores pela informação.

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