Dizer não, por Reginaldo Villazón

O mundo está sob o impacto das notícias do acidente aéreo acontecido na manhã de terça-feira (24) na Europa. O avião Airbus A320 da companhia aérea Germanwings – levando 144 passageiros, 2 pilotos e 4 tripulantes – partiu de Barcelona (Espanha) para Düsseldorf (Alemanha) às 9:55 horas. O tempo de vôo previsto era de 2:20 horas. Em cerca de uma hora, a aeronave desapareceu dos radares, perdeu altitude e caiu na região dos Alpes, no sul da França. Não houve sobreviventes.

Pequenas e grandes tragédias acontecem. Elas amarguram as pessoas próximas e abalam o ânimo das pessoas em geral. Muitas vezes, causam um sentimento de fragilidade diante da vida e motivam o questionamento sobre a razão de tais episódios. Então, é preciso encontrar um fundamento para levantar a cabeça e continuar confiante na vida. As ciências procuram identificar causas técnicas, humanas e naturais. Mas a vida não é apenas uma seqüência de fatos. As filosofias vão mais longe. Ajudam, mas com resultados divergentes.

Não faltam os formadores de opinião dispostos a dar explicações. Há os que se embasam em princípios religiosos para apontar as tragédias como justas penalidades impostas por Deus às criaturas pecadoras. Há os que afirmam, na defesa da Divindade, que as tragédias são apenas conseqüências diretas dos erros humanos. E há os que vêem as tragédias como desafios a serem superados pela humanidade em evolução. Discutir estas questões causa dúvidas e embaraços. A prudência aconselha tão somente avaliá-las intimamente.

O maior cuidado que se deve ter é evitar a banalização das tragédias. As teses que justifiquem as tragédias (guerras, crises, terremotos, acidentes e outros) merecem ser mantidas à distância. Elas insensibilizam, desumanizam. Ao contrário, é possível entender que a morte tranqüila de alguém, que se realizou neste mundo e aspira vida superior, não é uma tragédia. Casos extraordinários de EQM (Experiências de Quase Morte), relatados por pacientes e médicos, evidenciam que existe uma vida elevada fora da matéria.

O ser humano vence o egoísmo e adentra a iluminação quando consegue se colocar no lugar de outra unidade – um ser humano, um animal, uma planta, um veio d‘água, uma pedra – para desejar e oferecer o melhor de si. Talvez esta seja a coisa mais importante da vida. Em vez disso, deixar-se submeter a teorias alardeadas como verdadeiras, por se sentir seguro quando ligado às verdades aceitas por muitas pessoas, pode aprisionar o indivíduo em idéias fixas sem proveito, retardando sua evolução.

É preciso aprender a se sustentar na simples fé de que o bem deve sobrepor o mal. É preciso adquirir a firmeza dos que acreditam no bom pensamento, na boa intenção, na boa ação. Assim, é possível manter o equilíbrio e ter força para dizer não. Dizer não à falta de solidariedade, dizer não aos acusadores, dizer não aos discursos mentirosos, dizer não à ganância econômica, dizer não à depredação ambiental, dizer não à tristeza.

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