Editorial: Indo em frente

Jales tem uma bela história. Seu fundador – Euphly Jalles – foi um homem de virtudes e defeitos próprios do seu tempo. Ele e outros homens da mesma têmpera, na década de 1940, organizaram o povoado e o campo para o desenvolvimento. Foram pioneiros progressistas. As décadas seguintes exibiram um progresso consistente, fruto do trabalho dos agricultores e empresários, pequenos em sua grande maioria.
Infelizmente, vários golpes de esperteza – públicos e privados – abalaram a economia do município e a confiança do povo. Muitas pessoas se lembram das quebras de cooperativas. Do canal de irrigação, tão alardeado, cujos investimentos resultaram em nada. O maior de todos os casos, que colocou Jales na mídia nacional e cujos efeitos ainda perduram, foi a desapropriação de 16 alqueires de terras em 1985 para formação de um distrito industrial.
O rol de bons estabelecimentos de educação, saúde e comércio é suficiente para provar que Jales não é um município atrasado. Mas o progresso continuado é uma necessidade. Há carências e aspirações não atendidas. A conservação, a limpeza e o trânsito na cidade têm que melhorar. Faltam investimentos relevantes nas áreas de cultura, esporte e lazer. Projetos de geração de emprego e melhoria da renda precisam ser instalados.
A sociedade jalesense é capaz de aproveitar bem as aptidões do município. Mas o poder municipal tem que fazer a sua parte e nisto há problemas. Conforme o IFGF (Índice Firjan de Gestão Fiscal) de 2011, entre 629 prefeituras estudadas no Estado de São Paulo, Santa Fé do Sul ficou em 63º lugar, Votuporanga em 65º lugar, Fernandópolis em 149º lugar e Jales em 375º lugar. Abaixo das outras, a prefeitura de Jales recebeu o conceito "gestão em dificuldade". Isto indica que a casa está mal arrumada, cheia de problemas e descontentamentos.
Pouco importa se a cassação do mandato da prefeita Nice foi certa ou errada. Se os vereadores agiram bem ou mal. Se a prefeita cassada vai voltar ou não. O fato importante é que os políticos de Jales assumiram suas responsabilidades num momento crucial. Políticos não existem para ficar omissos. Existem para agir. Tudo indica que, desta vez, aconteça o que acontecer, não ficarão com os braços cruzados. Se errarem, vão aprender a acertar.
A qualidade da nova equipe a administrar a prefeitura será fundamental. Os fatos recentes mostram que o melhor lugar para fazer política é a Câmara de Vereadores. Por oportuno, vale a pena lembrar o conselho de um grande estadista. Winston Churchill, primeiro ministro britânico durante a Segunda Guerra Mundial, disse: "Se você está atravessando o inferno, vai em frente". As soluções serão encontradas, indo em frente.

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