Futuro adiado, por Reginaldo Villazón

O crescimento econômico brasileiro sofre fortes limitações. No último período calculado de 10 anos (2004 a 2013), a maior taxa anual de evolução econômica (PIB) foi apenas boa (+ 6,1%). A menor foi péssima, negativa (- 0,2%). A taxa média não foi suficiente para as necessidades socioeconômicas da nação (+ 3,5%). Para simples comparação, no mesmo período, a Índia exibiu desempenho com a boa taxa média (+ 7,5%). Já, a China, teve um desempenho médio espetacular (+18,9%).

As causas que entravam o crescimento da economia brasileira são bem conhecidas. Tão conhecidas que são referidas com o nome Custo Brasil. Elas são de naturezas variadas (políticas, econômicas, sociais, estruturais) e não são poucas. É tudo o que contribui para elevar os custos da economia brasileira e assim prejudicar a sua competitividade. Tais, como: burocracia excessiva, impostos elevados, juros altos, escassez de mão-de-obra qualificada, transportes ineficientes, portos e aeroportos insuficientes.

É justo atribuir a responsabilidade pela redução do Custo Brasil a todos os brasileiros. No entanto, é cristalino ver que o comando das mudanças é responsabilidade dos políticos. Somente os políticos têm o poder de estabelecer medidas para redução da burocracia, dos impostos e dos juros. De direcionar investimentos para educação e infraestrutura. Por isto, os discursos eleitorais prometem fazer a economia crescer, visando melhorar a receita dos empresários, a geração de empregos e a renda dos trabalhadores.

A realidade dá conta que os políticos não estão cumprindo suas responsabilidades. Não se trata de apontar o dedo para os políticos deste ou daquele partido. Todos os partidos estão representados no Congresso Nacional e têm obrigações a cumprir. E o que acontece? Esta semana, o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou aumentos de impostos que vão permitir ao governo arrecadar mais 20 bilhões de reais em 2015. Justificou: "Para ajustar as contas públicas." Resultado: o país vai crescer menos de 1% este ano.

O Brasil estaciona sua economia, desmata a Amazônia, esgota seus reservatórios de água doce. Enquanto isso, a China anuncia que vai continuar a investir bilhões de dólares em pesquisas e produção de água para consumo, irrigação e indústria. O país conta hoje com mais de cem usinas de dessalinização de água do mar e iniciou a construção de sua primeira cidade ecológica sustentável perto de Pequim, no Nordeste do país, em frente ao Oceano Pacífico. Assim, a China segue em marcha firme rumo ao futuro.

No discurso de posse de 01.01.2015, a presidente Dilma Rousseff anunciou o lema do seu segundo mandato – "Brasil, pátria educadora" –, sintetizando sua prioridade. Depois, o ministro Joaquim Levy priorizou a austeridade presente em favor do progresso no futuro. Ou seja, primeiro o povo vai tapar os rombos do governo federal. Depois, o governo vai retomar as questões sobre o progresso. Por ora, o futuro brasileiro está adiado.

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