Luizinho da Escola Agrícola, por Prof° Riva Rodrigues

E assim, de forma repentina, deixa nosso convívio o Luiz Floriano, também chamado por alguns de Luizinho, ou Luíz da Escola Agrícola e para nós, amigos e para todos os alunos, Xoxó, Arzirão, Oxiton e outros apelidos.

Depois de trabalharmos juntos por quase 17 anos, além de termos residência próxima desde muito antes, e conhecimento há mais de 25 anos, acho que posso relatar algumas linhas sobre esse cidadão.

Temperamento forte, com ar de poucos amigos quando queria, e isso era bem comum na maioria das vezes, mal educado e grosso ao extremo, mas uma pessoa de coração grande e valente.

Sorriso em seu rosto era algo raro, mas quando iniciava seus trocadilhos em tom de brincadeira, sabia fazê-lo como poucos, deixando aqueles que o rodeavam com sorriso estampado no rosto.

A preocupação com a aparência também não era seu forte sendo frequente vermos o Luiz com um botinão nos pés e suas camisas de mangas curtas, sem muita preocupação com o que poderiam dizer, mas com conhecimento farto e palavras bem postadas em seu trabalho.

Não era lá dos mais queridos dos alunos, especialmente da FATEC no curso de Agronegócio, pois jogava duro com as turmas, não tinha aula moleza e suas provas eram de rachar, parafraseando nossos alunos, mas em aula posicionava-se com elevadíssimo nível de conhecimento e o conteúdo era passado na essência.

Organizava os grupos de pesquisa e os alunos da FATEC faziam questão de participar, envolvendo atividades de campo nas áreas da pecuária de corte e leite, horticultura, culturas anuais, fruticultura e mais o que viesse. Quantas vezes os alunos não saíram a campo até nos finais de semana para pesquisar os produtores rurais de nossa região.

Campeão na organização das visitas técnicas para diversas propriedades rurais de nossa região e para os estados do MS, GO e PR, onde apresentava para nossos futuros gestores do agronegócio, os modelos de gestão de micro, pequenas, médias e grandes propriedades rurais, cooperativas e associações de produtores. Em uma dessas viagens, um grupo de alunos ficou conhecendo o famoso churrasco goiano, cuja receita é maravilhosa.

Tinha participação frequente em congressos, ora como orientador de nossos alunos da FATEC, com mais de 30 artigos nesses 7 anos de FATEC, assim como seus e para dar um bom exemplo, nos últimos 30 dias apresentou 6 artigos em dois congressos internacionais, sendo 3 em João Pessoa-PB e outros 3 em Porto Alegre-RS.

Para ajudar, há alguns anos se meteu no ramo da construção civil e até o dia de sua partida, já havia edificado um bocado de moradias e atualmente estava com 3 casas em construção, buscando assim mais uma fonte de renda para o que seria uma aposentadoria mais tranquila.

Após deixar a direção de nossa ETEC Jales, a conhecida Escola Agrícola, local que possui suas digitais desde o início há 25 anos aproximadamente e foi diretor por 8 anos, voltou às aulas, demonstrando condição plena de trabalho e desempenhando seu papel de docente com dedicação costumeira.

Há alguns anos resolveu dedicar-se ao doutorado e Campo Grande-MS foi seu destino por mais de 4 anos. Infelizmente não conseguiu seu título no papel, já que sua qualificação estava agendada para o próximo dia 18/12 (12 dias de sua ida), mas é doutor para nós, seus amigos e conhecidos, pois vimos o empenho de seu estudo, pesquisas e viagens. Seu título de DOUTOR certamente lhe foi entregue por Deus quando de sua chegada ao lado do Pai.

No dia de seu falecimento chegou à FATEC pouco depois das 11h para a reunião da Congregação daquela Faculdade, da qual fazemos parte como representantes docentes, além de outros professores, mais nossos coordenadores, nossa Diretora, representante dos alunos e comunidade. Como de costume, sentou-se ao meu lado e disse estar chegando de uma visita técnica em empresa citrícola de Paranapuã-SP.

Como disse, não tinha parada esse cidadão, pois saímos da reunião, por volta das 12h15m e às 13h nos encontramos novamente na FATEC para nossa aula de sábado à tarde. Últimos momentos com seu convívio que tivemos, mas uma certeza que nos traz um nó na garganta.... perdemos um grande batalhador pelas causas do agronegócio local, regional e certamente brasileiro, pois tamanha foi sua contribuição como secretário de agricultura de Jales, como diretor e professor da ETEC e da FATEC e também nos diversos artigos que escreveu e também, nos outros tantos que orientou aos nossos alunos.

Nesta sexta-feira dia 12/12, Luis completaria 50 anos e por coincidência estava marcada uma confraternização na FATEC para encerramento de ano letivo, com o famoso amigo secreto ao final. Meu amigo secreto não está mais conosco e lhe deixo esse humilde e sincero texto como meu presente, mas confesso, não queria tê-lo escrito.

Que Deus, em sua infinita bondade lhe tenha num bom lugar e que sua família seja confortada nesse triste momento.

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