Que educação?, por Reginaldo Villazón

Um dos temas importantes das campanhas eleitorais é a educação. Os pais, os jovens e as crianças em todas as regiões brasileiras hoje sabem que a educação é uma necessidade que não pode ser descuidada, mas é maltratada no país. Por isto, o tema educação aparece em todas as campanhas eleitorais e obriga os candidatos se pronunciarem a respeito. Eles enaltecem a educação e fazem promessas: mais recursos de investimento, aulas em tempo integral, maior qualificação dos professores e melhores salários aos professores.
Mas falam de que educação? Eles não explicam direito! Há anos, a polícia federal prendeu uma quadrilha inteira de assaltantes de bancos. Teve a surpresa de constatar que o chefe da quadrilha era advogado. Ou seja, que o bandido principal tinha formação educacional superior em Direito. A educação não fez dele um bom cidadão. Infelizmente, essa tal educação não impede que pessoas graduadas se envolvam em mediocridades, desonestidades, falcatruas grosseiras, esquemas de corrupção, escândalos financeiros.
A história das nações narra que esta situação, quando se torna comum, resulta em tragédias. Muitos países mergulharam em longas crises quando seus povos perderam a capacidade de coesão e luta contra os desafios. Voltando os olhos ao século passado (1901 – 2000), é possível ver a extensão formidável das mudanças globais. Fica fácil prever o tamanho das mudanças que vão acontecer neste século (2001 – 2100), inclusive as grandes alterações ambientais, que exigirão dos povos mais do que a educação usual.
Educação não é um produto inteiro, completo, definido. É um processo que usa várias técnicas para atingir vários objetivos.
Seu conceito mais simples – "processo de aquisição de conhecimentos e habilidades" – indica que a educação pode acontecer no lar, na escola e na sociedade, utilizando diferentes métodos e tendo em vista diferentes finalidades. Além de fortalecer a cultura, a educação tem uso na promoção da cidadania, na preservação da saúde, na conservação ambiental, na qualificação profissional e em muito mais.
A candidatura de cidadãos que não se preparam para exercer cargos públicos, mas ainda assim são eleitos, sem dúvida prova a legitimidade da democracia vigente. Mas, também é prova de que tais candidatos e seus eleitores não aprenderam a agir com discernimento para evitar dificuldades futuras. Fora das campanhas eleitorais, os canais de televisão apresentam programas de péssima qualidade. A educação escolar dos apresentadores e expectadores permite a alienação social e a inobservância de responsabilidades.
Mais do que valorizar a educação tradicional do sistema educacional, é preciso incluir ferramentas pedagógicas práticas – leituras, filmes, discussões – para formar consciências, ou seja, para desenvolver nos estudantes a capacidade de observar objetivamente e elaborar pensamentos críticos. Individualmente, a consciência evita os arrastamentos. Coletivamente, a consciência tem força suficiente para transformar a sociedade.

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