O medo de ser feliz, por Flávio Carvalho

 
Segundo o psicanalista Otto Rank todo nascimento é traumatizante, ou seja, o nosso primeiro trauma ocorre no nascer, já nascemos traumatizados. Saímos de um lugar seguro que é o útero de nossa mãe, onde somos aquecidos, alimentados, para um mundo novo e com uma assustadora claridade. Somos manipulados a todo instante, dependendo da boa vontade e produção de leite de nossa mãe para nos alimentarmos. Temos que tomar banho na hora que nossa mãe quiser e, só fazemos dormir. Para termos nossos desejos saciados temos que chorar muito. Crescemos enfrentando problemas com nossos pais, professores e escola, a escolha de uma profissão, casar e constituir uma família, ter nossos filhos e repetir todo esse processo novamente.
Passamos por muitos problemas e atribulações, somos especialistas em sofrimentos, pois temos muito mais momentos ruins do que bons. Aprendemos que Deus nos criou para sermos felizes. Para nos amarmos e construirmos um mundo melhor. Mas o que fazemos? Destruímos este mundo e somos cada vez mais infelizes. Maltratamos a natureza e ainda não conseguimos amar o próximo como deveríamos amar, ou seja, como irmao. Mas assim agindo estamos obedecendo ao preceito que nos diz: "Amar o próximo como a si mesmo", se não estamos conseguindo nos amar, ou se não estamos nos amando, como podemos amar o próximo? Então, se eu não gosto de mim, eu não consigo gostar do próximo como a mim mesmo, ou seja, eu não amo o próximo.
Temos muito medo de ser feliz, pois não estamos acostumados. Lidamos muito bem com a depressão, angustia e todo tipo de sofrimento. Mas quando temos que ser feliz, temos muito medo, nos assustamos, achamos que não estamos preparados e, muitos não acreditam merecer ser feliz outros tanto acreditam não existir essa tal felicidade. Mas existe um grande numero de pessoas que defendem que a felicidade tem que ser conquistada, a custa de muito sofrimento.
A felicidade está dentro de cada um de nós, e de maneira igual, pois ela nos foi dada por Deus, e Ele nos deu a mesma felicidade, sem nenhuma distinção. Temos dentro de nós uma felicidade divina, plena, pronta para eclodir, bastando para tal que acreditemos nisso e através da pratica do perdão possamos exteriorizar tal felicidade. Quando falo do perdão, estou me referindo aos mais difíceis dos perdoes, o auto-perdao. Nos perdoar, deixar de sentir-se culpados por tudo e, parar de nos punir. Devemos nos amar mais, afastar esse medo de ser feliz que nos consome. Devemos não ter vergonha de nos amarmos, de sermos felizes. Temos que aprender a ser feliz, e se assim fizermos estaremos obedecendo à vontade de Deus. E somente assim conseguiremos verdadeiramente amar o próximo. Sendo feliz podemos "contagiar" aqueles que nos cercam com esta felicidade.
Não aceite mais sofrer. A felicidade mora em você. Você foi criado para ser feliz, quem disser o contrario não entende de nada. Passe a se amar mais. Perdoe para ser perdoado, não julgues para não ser julgado e, ame para ser amado. Seja feliz, mas respeite a tristeza alheia. Não tente impor felicidade àquele que ainda não está preparado para fazer esta mudança. Preocupe-se somente com você. Sendo feliz você conseguirá espalhar esta felicidade. Não se deixe abater por aqueles que relutam, ou que não acreditam na felicidade. Seja otimista, fuja dos pessimistas. Seja político e faça promessas a você mesmo. Mesmo sabendo que essas promessas são impossíveis. Prometa perder este medo de ser feliz, prometa sorrir sempre, prometa cantar mais, prometa perdoar sempre, prometa ter mais paciência, principalmente com você mesmo prometa ser feliz mesmo que o mundo e a sociedade digam o contrário.

Flávio Rodrigo Masson Carvalho
equilibriumtc@hotmail.com

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