Inexplicações, por Reginaldo Villazón

A Copa do Mundo 2014, organizada pela FIFA no Brasil, chega à fase final neste fim-de-semana. No sábado (dia 12), às 17 horas, no Estádio Mané Garrincha (Brasília DF), o Brasil enfrenta a Holanda para definição dos terceiro e quarto lugares. No domingo (dia 13), às 16 horas, no Estádio Maracanã (Rio de Janeiro RJ), a Alemanha se confronta com a Argentina na disputa do primeiro lugar. Com surpresas naturais do futebol, mas sem contestações, a fase final reservou bons jogos entre seleções sul-americanas e europeias.
Copa do Mundo não é um campeonato de futebol, mas uma grande festa do futebol. Os campeonatos de futebol reúnem times profissionais, organizados e preparados para realizar campanhas esportivas. A Copa do Mundo reúne seleções de jogadores profissionais, convocados por nacionalidade, para exibição em torneios compactos. Assim, é possível apreciar as maiores estrelas do futebol mundial num evento de quatro em quatro anos. Até aqui, esta Copa do Mundo 2014 é um sucesso com repercussão mundial recorde.
O uso político da Copa do Mundo, no sentido de o país-sede tirar proveito econômico e fortalecer sua imagem internacional, é totalmente desejável. Isto faz da Copa um instrumento de progresso e integração social. Da mesma forma, é indispensável a participação de empresas privadas com oferta de patrocínios, em troca da divulgação das suas marcas, produtos e serviços. Esses interesses políticos e econômicos podem alcançar seus objetivos sem rebuços, sem causar qualquer prejuízo à Copa do Mundo como uma grande festa.
Esta Copa do Mundo 2014, ao lado do sucesso, teve aspectos negativos. O Brasil levantou 12 estádios grandes e modernos com dinheiro público, superfaturados pelas construtoras. O povo saiu às ruas e denunciou. O governo desconversou. Obras de interesse público, fora dos estádios, não foram realizadas. A imprensa divulgou e o governo calou. Os patrocinadores exageraram nas propagandas, exaltando a seleção brasileira. Os comentaristas esportivos exigiram vitória da seleção brasileira. Diminuíram a Copa como uma festa esportiva.
A seleção brasileira sofreu toda essa pressão. No jogo de abertura da Copa, ganhou da Croácia por 3 x 1, mas fez o primeiro gol contra e faturou um gol de pênalti cavado. Empatou sem gols contra o México. Ganhou de Camarões por 4 x 1 com dois gols de Neymar. Empatou com o Chile por 1 x 1 e só ganhou na quinta cobrança dos pênaltis. Reergueu o ânimo com ajuda psicológica para vencer a Colômbia por 2 x 1. Por fim, na terça-feira (dia 08 de julho), na fase semifinal, o Brasil desabou diante da Alemanha. Perdeu por 7 x 1.
Primeiro, os especialistas lançaram a palavra "inexplicável". Depois, classificaram o fato como "apagão técnico". Depois, culparam o treinador Luiz Felipe Scolari por "falha tática". O treinador Scolari cumpriu sua obrigação protocolar: aceitou a culpa, mas não esclareceu a falha. Eles querem fazer acreditar que, de repente, onze dos melhores jogadores de futebol do mundo ficaram aparvalhados, sem saber como jogar futebol. Na arte de enganar o povo, os interesseiros e suas organizações vão continuar tecendo suas inexplicações.

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