Ambição e idealismo, por Adelvair David

 
Dentre as muitas manifestações do homem, sem dúvida a ambição é das mais preocupantes.
Reza o dito popular que "quem não tem ambição não cresce na vida", e que para se conquistar algo deve-se ir à luta. O problema é que o ambicioso leva isto ao pé da letra mesmo, atira-se na direção do seu desejo e vai atropelando tudo pela frente, geralmente sofre muito, pois transforma em neurose os seus anseios de crescimento, em muitos casos perde a sua ética e a sua moral até prejudicando se preciso for o seu semelhante para alcançar o seu intento.
O que se pode compreender disto é que a ambição é sempre perniciosa e o que o homem necessita mesmo é de idealismo, um rumo, um objetivo a alcançar. Se assim fizer, respeitará as etapas do seu crescimento sem se preocupar com o tempo em que concretizará os seus planos, fazendo o seu melhor, lembrando que nem tudo depende só dele. Respeitará também as pessoas e será incapaz de ser desonesto, desleal, não precisará utilizar-se da mentira, da artimanha para chegar ao longe.
O ambicioso, geralmente, vive mergulhado no lodo da mediocridade, não se dá conta de que aos poucos vai se transformando em alguém estranho, indesejado e passa a viver em um ambiente íntimo de profunda insatisfação. Mesmo que consiga o móvel das suas buscas e que cresça vivendo como quer, permanecerá angustiado e sem brilho, reflexo claro do que plantou na sua caminhada. Sentirá profunda solidão, porque a sua alegria não é legítima, tendo-a conquistado indevidamente. Diz o espírito Joanna de Angelis em sua obra de psicologia transpessoal: "Ninguém poderá ser feliz à custa das lágrimas alheias".
O melhor para quem deseja crescer por fora e por dentro é ser idealista, buscar os valores nobres da verdadeira moral, principalmente aquela que nos ensinou o meigo Senhor: " fazei aos homens tudo o que gostaríeis que eles vos fizessem". Desta maneira o idealista não procura crescer sozinho, entendendo que o sucesso do egoísta é frio e cheio de tédio. O ambicioso deixa ao abandono o solo fértil da sua alma, onde poderia, ao mesmo tempo em que luta pelo seu crescimento na vida, plantar as sementes da solidariedade, da caridade, da bondade, da doçura, da afabilidade, da temperança em resumo, do verdadeiro amor.
As criaturas notáveis da humanidade, aquelas que o homem se recorda com respeito, quase nunca foram as das cabeças coroadas, mas sim aquelas que sem ter nada, construíram um império de esperança no coração de tantos quantos serviram com profundo desinteresse, posição esta que jamais deixaram por oferta alguma.
AMA, PARA QUE A AMBIÇÃO DIMINUA E O IDEAL DO BEM FLORESÇA.

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