SECA NO NORDESTE: ANTIGA E SEM SOLUÇÕES

Por José Guilherme Duarte e Inês Francisca Neves Silva

O mundo inteiro vê a região Nordeste do Brasil como um belo lugar onde o sol brilha o ano inteiro e as praias são maravilhosas. Contudo, existe um lado que não é tão divulgado e nem mostrado, mas clama por atenção: a seca do sertão.

O fato é que o sertão nordestino enfrentou, em 2013, uma das piores secas dos últimos 50 anos, atingindo mais de 1.300 municípios, o equivalente a 74% da região que evidencia um momento crítico. Na verdade, a seca no semiárido vem se agravando a cada ano, desde 2011 e o mesmo já está acontecendo em 2014.

Quiçá um trecho da música de Alceu Valença intitulada "A seca" nos faça imaginar o que seja este problema: "Nas patas do meu cavalo, galopei no meu sertão / Vi a seca, vi a fome, lobisomem e assombração / Riacho virou caminho, graveto virou tição / E as pedras queimando em brasa, Asa Branca na amplidão /

Riacho virou caminho / De pedras ardendo em fogo / No poço secou a água / Menino morreu sem nome / Na Caatinga o homem chora / O boi que morreu de sede / A roça que era verde / A seca torrou garrancho [...]".

O fato relevante aqui é que a seca do Nordeste tem causas naturais, pois a região está localizada numa área em que as chuvas ocorrem poucas vezes durante o ano, porém a falta de ações públicas assola a região. Entra governo e sai governo, mas nada é feito de forma concreta para a melhoria da qualidade de vida do povo que ali vive.

As medidas adotadas pelo Governo Federal mostram a fragilidade e a inaptidão do Brasil para enfrentar a seca, pois se sabe que ela é periódica. O problema não é novo, a tragédia hídrica que todos os dias se abate sobre o nordeste já é secular.

De acordo com os dados do Ministério da Integração Nacional, o Governo Federal gasta mais de R$ 16 bilhões para reduzir os efeitos da seca e amenizar as perdas econômicas, por meio de ações emergenciais, obras estruturantes e linhas especiais de crédito, entretanto, conhece-se que no mundo há casos de desertos que viraram cidades, bastam estudos, planejamento, vontade política e investimentos, além de, é claro, boa vontade (em vez de políticas emergenciais).

No caso do Brasil, o Governo Federal prefere investir o nosso dinheiro em medidas provisórias ou em obras e projetos que não saem de fato do papel e, assim, o sertão nordestino continua abandonado. De fato, falta compromisso político para dar dignidade ao povo que necessita da água para saciar a sede, para irrigar plantações, entre outras destinações.

De acordo com os especialistas, não há como combater a seca, mas é possível conviver com ela de forma mais amena. Para João Suassuna, agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco "O Nordeste, o Semiárido, tem algo em torno de 70 mil represas. Elas acumulam algo em torno de 37 bilhões de metros cúbicos de água. É o maior volume de água represada em regiões semiáridas no mundo, mas o fato é que não existe uma política que utilize essa água para as populações".

Diante de tal afirmação, pode-se concluir que o problema não se encontra na falta de água ou de recursos, mas, sim, na distribuição. Infelizmente, o que se percebe ao longo dos anos é que entram e saem novos governantes, nas esferas federais e estaduais, mas a incompetência, a ingerência, a inaptidão e o descompromisso social e moral continuaram de maneira parecida, independente da legenda partidária.

José Guilherme Duarte: Acadêmico do curso de Administração Pública da UFAL – Câmpus de Arapiraca. E-mail: duarte1232008@hotmail.com

Inês Francisca Neves Silva: Professora do curso de Ciências Contábeis da UFMS – Câmpus de Três Lagoas. E-mail: ines_francisca@hotmail.com


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