Dizer adeus

*Flávio Carvalho

Como é difícil dizer adeus!
Dói muito separar de pessoas que você gosta. Deixar para trás amigos, alunos, pessoas que a gente nutre o maior carinho, é mesmo muito difícil.
Vivemos correndo, trabalhando mais do que deveríamos, para podermos consumir mais do que precisamos. Não prestamos a atenção devida à nossos amigos, as pessoas que nos cercam, mas no momento de ir embora, de partir, sentimos a grande dor, e entendemos a força da amizade.
Precisamos se aproximar mais das pessoas, dar mais atenção, valorizar a amizade, celebrar os amigos, festejar mais, simplificar nossas vidas.
O tempo é cruel, não para, não espera, é implacável! Estamos envelhecendo, rapidamente, e não estamos aproveitando as coisas boas desta vida. Estamos ocupados demais pensando em conquistar coisas, ficar ricos, termos poder, e acabamos nos afastando dos amigos e das boas coisas da vida, que são as mais simples, singelas.
E quando partimos, entendemos o quanto dói se afastar daqueles que estimamos.
Quero todos ao meu lado para sempre!
Quero brincar mais, sorrir mais... quero muitos abraços, quero viver cercados de amigos, a todo instante. Mas não dá, a realidade é outra. Tenho que trabalhar, tenho que progredir. E o que é progredir? Ganhar mais dinheiro? Ser promovido? Comprar uma casa? Trocar de carro? Não! Progredir é ser mais feliz!
O que trás felicidade? É possível ser feliz a todo instante?
Difícil responder, mas com certeza posso afirmar, dói muito partir e deixar amigos para trás.
Vou conhecer novas pessoas, terei novos alunos, mas mesmo pensando assim não consigo apaziguar a minha dor.
Ter que partir e ter que se partir! È dividir se em pequenos pedaços. Você leva um pedacinho de cada um que gosta, e deixa vários pedacinhos com aqueles que gostam de você.
Vou partir deixando saudades, e sentindo saudades de muitas pessoas e de muitos momentos vividos com as mesmas.
Chorar alivia um pouco. Pensar nas novas possibilidades, produz um certo acalento. Ter a certeza que tudo dará certo, que estou indo para uma melhor, ajuda a aliviar a dor da saudade. Mas nada que faça, ou pense irá findar tal sentimento promovido pela saudade que já sinto.
Vou partir! Vou para uma nova empreitada que me fará crescer mais como ser humano. Vou conhecer novas pessoas, vou evoluir como profissional. Mas nada disso impede que eu sofra a dor da despedida.
Não sei dizer adeus sem sofrer! Mas quem sabe? Se despedir de quem gosta dói mesmo, dói muito mais que pensava, que queria. Mas tenho que partir. E vou, sofrendo pela despedida, mas vou. Preciso ir!
Mas fico feliz com minha dor, pois se estou sofrendo por me separar de pessoas, é porque pessoas me amam também. Se deixei pessoas tristes com minha partida, sou amado, e se sou amado, tenho que ser feliz. E sou!
Eu vou! Adeus! Mas volto.
Flávio Rodrigo Masson Carvalho
– equilibriumtc@hotmail.com flaviopsicanalise@gmail.com

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