Idosos

Reginaldo Villazón

O caminho para a velhice é simples. Basta manter-se vivo. A velhice não é um prêmio nem um castigo, mas um estado natural de plantas, animais e humanos. Ela chega a todas as criaturas, sem restrição de espécie, raça e condição de vida. Os cientistas afirmam que o envelhecimento do corpo humano começa na infância. Dizem que o auge da atividade orgânica ocorre por volta dos 30 anos. Depois disso, o organismo entra num processo contínuo de perda de vitalidade. E a velhice será apenas uma fase da vida.

Quando começa a velhice humana? Aos 60, aos 65, aos 70 anos? Difícil dizer. As pessoas não envelhecem na mesma velocidade e não ficam velhas da mesma maneira. Fatores ambientais, culturais e individuais retardam ou aceleram a velhice e influenciam a sua qualidade. Uma prova disso é o premiado ciclista francês Robert Marchand. Em setembro de 2012, aos 100 anos de idade, percorreu 100 Km em 4 horas, 17 minutos e 27 segundos. No mês passado (31 de janeiro), aos 102 anos, percorreu 26,92 Km em uma hora.

Os idosos passam pela fase da vida mais complexa. Além das limitações físicas, têm que enfrentar o tratamento que recebem da família, da sociedade, do sistema econômico, do sistema político, da administração pública. Tudo isto pode resultar em estados emocionais variados, da serenidade à depressão. O mundo contemporâneo – apesar das leis e dos serviços em favor dos idosos – lhes é nocivo. A valorização da juventude, da produtividade e dos bens materiais marginaliza os que se encontram fora deste contexto.

A maior polêmica se dá sobre como cuidar dos idosos dependentes. Sempre que possível, eles são mantidos em casa com seus familiares, no seu ambiente natural. No entanto, muitas vezes, as instalações da casa e os familiares não estão preparados para suprir suas necessidades. Então, os idosos são encaminhados para instituições especializadas, onde ficam distantes das suas coisas e dos seus familiares. Embora tenham assistência profissional especializada, falta-lhes o aconchego do lar, a convivência dos familiares e amigos.

Não é sempre que os idosos são pessoas sábias e experientes. Mas é um erro reservar o tratamento digno apenas às pessoas que possuem boas qualidades ou utilidades. Todos os seres humanos são importantes em todas as fases da vida. Cada fase da vida tem a sua finalidade e a sua duração. As pessoas precisam aprender a dar e receber atenção e carinho, indispensáveis para todos vencerem cada etapa da vida. A ignorância e o egoísmo nos relacionamentos são venenos que intoxicam a vida e inferiorizam os seres humanos.

Os idosos têm a importante tarefa, com eles mesmos, de avaliar os acontecimentos da vida para preservar o que é fundamental e desprezar as coisas efêmeras. Ninguém pode sentir – como os idosos – que a verdadeira realidade da vida está dentro das pessoas. Que, ao contrário do que se pensa, a realidade material da vida é uma ilusão que dura pouco, que desaparece para dar lugar a uma nova realidade não-definitiva. Então, os valores humanos se impõem absolutos: o amor, o respeito, a compreensão, o companheirismo, a alegria.

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