Cultura atual e o baixo nível educacional

Por Fabiana Zavanello Neves e Cleber Affonso Angeluci

Qual a forma mais fácil de ganhar dinheiro atualmente? A resposta é simples: basta ficar famoso. Essa fama não significa, todavia, necessariamente, fazer algo meritório e significativo; hoje bastaria "conquistar a mídia", sobretudo dando lucros a ela.

Cada dia se torna mais complexo e menos lógico entender como certas pessoas conseguem atingir tamanho grau de fama e sucesso com coisas tão banais que fazem, dizem ou cantam. A explicação para isso é, no entanto, simples: sempre há alguém "bancando" esses fenômenos ou investindo neles, e, claro, após o "acontecimento" atingir uma grande proporção na mídia, conquistar o público e receber milhões, o que foi investido é revertido.
É isso que acontece sobretudo no ramo de música; não é por acaso que a todo o momento surge alguém se achando cantor, porém sem qualquer dom, vocação ou talento, fato muito comum no estilo sertanejo universitário. Atualmente se criam personagens e se investe tempo e dinheiro neles, bombardeando a população com suas histórias e casos, influenciando fortemente o público em geral, tornando-se saturado qualquer viés contrário aos interesses da grande massa.
Esse mundo artificial está muito mais fácil e banal para as mulheres que se submetem à venda de seus corpos, numa verdadeira coisificação da pessoa, pouco importando que essa alienação seja vulgar e efêmera, pois o que se almeja (e para o que não se medem esforços) é o sucesso, é estar conhecido e estar falado. Há casos de mulheres em busca de fama que se relacionam com pessoas famosas, criam uma vida de fantasia maravilhosa e distante da realidade cotidiana, alijando qualquer possibilidade de crítica a respeito desse comportamento temerário. Cada vez mais a população se aliena e não separa, de forma consciente e íntegra, aquilo que é interessante ou gera consequências boas, daquilo que é frívolo e temerário. No Brasil, é lugar comum a necessidade quase obrigatória do gosto pelo carnaval, pelo samba, pelo sertanejo, pelo funk, pelo futebol, pela novela das nove, enfim, sem quaisquer considerações críticas e seletivas.
Parece que quanto pior melhor! Por exemplo: observe que parte considerável das letras de música do sertanejo universitário faz apologia ao consumo de bebida alcoólica e ao sexo fácil, sem compromisso, tornando a mulher objeto de prazer, o que também ocorre no funk.
Hoje, no Brasil, um cantor não precisa ter talento para fazer sucesso; basta ter uma música com uma batida "agradável" ou melhor, vendável; a letra deve ser fútil e, como foco principal, deve tratar de sexo, festa, bebida e mulher. Já o refrão deve ser extremamente pobre, para facilitar a divulgação e a repetição impensada. Esta a receita pronta.
Esse tipo de música fará sucesso por alguns meses e depois será esquecido, sendo lamentável assistir a isso num país de Vinícius de Morais, Arnaldo Antunes, Tom Jobim, Chico Buarque, Renato Russo e tantos outros músicos-poetas reconhecidos mundialmente por seu mérito e talento, por seu empenho em fazer o belo, a arte, sem apelação ou descompromisso cultural.
Que mundo doido é esse? Chega a ser deplorável para uma sociedade que vive no século XXI conviver com coisas do gênero. Não podemos, porém, criticar só a mídia por focar em coisas tão banais, pois, se o público para isso não fosse tão extenso, ela não teria partido para tal enfoque; falta-nos cultura; falta-nos educação! E à mídia (a de qualidade, em especial), rever a diferença entre benefício privado e interesse do público...

Fabiana Zavanello Neves: Acadêmica do Curso de Administração da UFMS – Câmpus de Três Lagoas. – fabi_zneves@hotmail.com

Cleber Affonso Angeluci: Professor do Curso de Direito da UFMS – Câmpus de Três Lagoas – cleberangeluci@gmail.com

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