Copa do Mundo Estádios e desigualdade social

*Angélica Sgobi e *Neide Yokoyama
Segundo a Pirâmide da Hierarquia das Necessidades Humanas de Maslow, o ser humano necessita, primeiramente, suprir suas necessidades fisiológicas e de segurança para, posteriormente, almejar a autorrealização. Por conseguinte, a sociedade deve priorizar as questões relacionadas à saúde e à segurança e, num segundo momento, as relacionadas à satisfação pessoal.
A Constituição Federal versa que todo cidadão tem direito à saúde, à educação e à segurança, os três pilares da dignidade humana. Nesse contexto, é obrigação do Estado contribuir para o desenvolvimento do cidadão enquanto ser humano, porém é notório o descaso governamental com o bem estar social. Antes, as desculpas eram a falta de verba e a dívida externa. Mas, e agora?
Atualmente, o governo está construindo estádios em detrimento de escolas, hospitais e postos de saúde. Optou-se por "beneficiar" o país trazendo a Copa do Mundo de Futebol – 2014 ao Brasil, sem se dar conta de que os brasileiros necessitam, antes das festividades, de uma estrutura de saúde competente e de uma rede de educação eficaz que consigam abranger aqueles que, há muitos anos, lutam pela inclusão social.
Nada contra a vibração da torcida brasileira em relação ao futebol. A questão é que o Brasil de hoje carece mais de desenvolvimento social do que de entretenimento. Além disso, o projeto da Copa do Mundo trouxe gastos bilionários desnecessários com construções de estruturas que futuramente não terão serventia nenhuma, bem como abriu brechas para falcatruas como o superfaturamento das obras.
As manifestações públicas que ocorreram no entorno dos estádios da Copa das Confederações, em vários estados brasileiros, atestaram o descontentamento da população quanto às políticas públicas. Durante o evento, ocorreram vários casos de vandalismo que geraram pânico e indignação aos turistas estrangeiros em relação à segurança. Certamente, foi o estopim das insatisfações e reivindicações enraizadas e caladas durante anos, que deixaram vestígios negativos do evento e desconfianças futuras no que concerne ao sucesso da realização da Copa do Mundo.
A esta altura do campeonato, não existe mais a possibilidade de retroceder e alterar o país sede da Copa do Mundo. Portanto, mais manifestações não surtiriam efeito. O que resta é esperar os fogos e assistir as partidas pela televisão ou, ainda, investir o salário do mês para assistir a um jogo e se sentir privilegiado por ter participado da Copa do Mundo de 2014.
Após esta breve análise sobre a construção de estádios, chega-se à conclusão de que um país vencedor não é aquele que levanta a taça mundial e sim aquele onde realmente prevalece a ordem e o progresso.
*Angélica Fernanda Neves Sgobi: Acadêmica do Curso de Administração da UFMS – Câmpus de Três Lagoas. E-mail: fernandasgobi@hotmail.com *Neide Yokoyama: Administradora e Professora do Curso de Administração da UFMS – Câmpus de Três Lagoas. E-mail: yoko@cptl.ufms.br

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