Decolagem

Reginaldo Villazón


Foi-se o tempo das viagens internacionais de navio, durante as quais os passageiros assistiam o passar dos dias sem pressa, rumo ao destino onde os aguardavam pessoas e compromissos. As viagens – por elas mesmas – eram fatos importantes. Os viajantes não se permitiam desligar-se no início e religar-se no fim do percurso. Assim, as viagens eram desfrutadas integralmente e ficavam na memória das pessoas.
O crescimento da população e das atividades humanas fez o progresso criar novas tecnologias de transporte, tornando desnecessárias as viagens demoradas pelos mares, assim como as exaustivas e perigosas jornadas por terra. Depois da era pioneira do avião (1900 a 1914), protagonizada pelos construtores das primeiras máquinas de voar, a aviação foi o sistema de transporte que mais ganhou inovações e se expandiu.
Para se ter uma idéia do tamanho do que hoje é aviação, ela tem divisões. A aviação militar reúne aeronaves especiais para treinamento, transporte, reconhecimento e combate. A aviação civil comercial é a de maior destaque, sob responsabilidade de empresas privadas que operam aeronaves para transporte de passageiros e cargas. A aviação civil geral atua na indústria, agricultura, pesquisa, esporte e muitas outras atividades.
As aeronaves combinam tecnologia e beleza em grande número. Há modelos providos de um, dois ou mais propulsores, que podem ser tradicionais (motores com hélices), turboélices (turbinas com hélices) e turbofans (turbinas com ventoinhas). Há modelos com pneus, flutuadores ou esquis. Seus tamanhos vão de um helicóptero executivo para três passageiros ao Airbus A380 capaz de transportar 870 passageiros.
A indústria de aviões no mundo é forte. O mercado dos grandes aviões comerciais é liderado pela norte-americana Boeing e pela europeia Airbus. A brasileira Embraer e a canadense Bombardier lideram o mercado de aviões comerciais regionais. Estima-se que em vinte anos (2013 a 2032) a demanda mundial por novas aeronaves vai atingir 35.280 unidades e o valor de 4.800 bilhões de dólares.
Não é a toa que os olhinhos chineses estão atentos neste mercado. A China é um país comprador de aviões e calcula que vai precisar de 5.260 novas aeronaves, no valor de 670.000 milhões de dólares, neste período de vinte anos. Mais que isso, comparou o "valor adicionado industrial por peso dos produtos" e chegou aos resultados: carro 9, computador 300, aeronave 800, motor de avião 1.400. É uma indústria que produz grandes ganhos.
O Plano de Desenvolvimento da Aviação Civil na China, lançado neste ano, é bem amplo. Prevê investimentos em educação, pesquisa tecnológica e cooperação com outros países para produzir aviões de qualidade, econômicos e pouco poluentes. Propõe a reforma do sistema chinês de apoio aeronáutico e gestão do espaço aéreo. O objetivo é fazer a indústria e a prestação de serviços de aviação gerar desenvolvimento ao país.
No Brasil, a Embraer dá exemplo de qualidade na fabricação de aviões e os brasileiros desejam fazer mais uso das viagens aéreas. Porém, a administração dos aeroportos e do tráfego aéreo dá sinais de esgotamento. Parece que a aviação civil no Brasil chegou ao limite. Mas isto é falso. As inovações não param e é preciso correr para acompanhar as mudanças. Este é mais um motivo para o povo brasileiro mudar os políticos e a política.

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