Medicina total

Reginaldo Villazón
A história da medicina teve início há milhares de anos, quando os povos antigos desenvolveram conhecimentos e utilizaram práticas de controle e cura de doenças. Algumas dessas correntes médicas – como as originadas na Índia, na China e no Egito – foram concebidas com elevada sabedoria sobre a natureza e o corpo humano. E não lhes faltou uma abordagem filosófica de conteúdo imaterial.
A partir do Renascimento (séculos XV e XVI), que marcou o fim da Idade Média, a medicina passou a ter caráter científico. As pesquisas e descobertas científicas se tornaram a base dos procedimentos, instrumentos e produtos médicos. O resultado foi muito além do excelente. Doenças graves foram curadas e evitadas. As terapias se humanizaram, a qualidade e a expectativa de vida se superaram.
Dois médicos da antiguidade – o egípcio Imhotep e o grego Hipócrates – hoje dividem as opiniões sobre quem é o Pai da Medicina. Porém, a medicina de caráter científico – denominada oficial ou convencional – é ensinada nas universidades e praticada nas instituições médicas sem vínculo com tudo o que existiu e existe fora dela. Isolou-se para se impor como a medicina única e verdadeira.
É questionável que isto tenha acontecido por arrogância, preconceito ou interesse dos médicos e suas associações. Muito provável é que a economia capitalista tenha afastado da medicina convencional os conhecimentos e práticas (antigos e novos) fora do seu controle. É justo, na economia capitalista, que as empresas do ramo médico valorizem suas pesquisas e patentes, que concorram para recuperar seus investimentos e auferir lucro.
Mas a medicina convencional tem definições diferentes para eficácia, eficiência e efetividade dos seus tratamentos. Reconhece que seus medicamentos podem curar, não surtir efeito ou intoxicar pacientes. Cataloga as doenças pelos sintomas, quando desconhece suas causas. Também, os tratamentos das medicinas não-convencionais se enquadram na regra: podem curar, não fazer efeito ou deixar os pacientes piores.
Importante é que há relatos confiáveis de curas em todas as medicinas. Até de curas magníficas, verdadeiros "milagres". Podem acontecer por uma microcirurgia, um remédio natural ou uma oração diante de um copo d`água. É por isto que 38,3% dos norte-americanos também fizeram uso da medicina não-convencional em 2007, segundo dados do Centro Nacional de Medicina Complementar e Alternativa dos Estados Unidos.
Acupuntura, Ayurveda, Fitoterapia, Hipnose, Homeopatia, Meditação, Reiki, Shiatsu, Tai Chi Chuan e Yoga são terapias não-convencionais freqüentes. Em 1991, o médico Brian Berman fundou o primeiro Centro de Medicina Integrativa, na Universidade de Maryland (EUA). É a soma da medicina convencional com todas as outras medicinas. Hoje há muitos desses Centros em universidades e hospitais de alto conceito.
No Brasil, os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), estão nesse grupo. No SUS (Sistema Único de Saúde), os pacientes se beneficiam da medicina integrativa desde 2006. Cresce a cada ano o número de atendimentos de Acupuntura, Fitoterapia, Homeopatia e outros. Em 2012, só de práticas corporais (Tai Chi Chuan, Pilates e Yoga) houve 3,8 milhões de sessões.
A humanidade já está com um pé fincado nessa medicina abrangente, conduzida dentro da lei, da ética, da competência e dos resultados. Que vê o ser humano na sua composição: corpo, mente e espírito. É como uma manhã de sol. Muito boa para quem gosta de luz.

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