Trabalhadores

por Reginaldo Villazón

O Dia do Trabalho (01 de maio) foi comemorado com feriado na última quarta-feira. Não foi um dia festivo. No Brasil, o ponto alto foi o discurso da Presidente Dilma Rousseff, exaltando as qualidades do seu governo em cadeia nacional de televisão. Na Europa, houve passeatas de protesto contra o desemprego recorde de 26,5 milhões de trabalhadores.
Os trabalhadores são importantes. Eles servem para os oportunistas fundarem partidos políticos, para os autoritários instituírem ditaduras, para os mentirosos criarem governos populistas, para os gananciosos conquistarem riquezas. Os trabalhadores produzem bens e serviços, consomem os bens e serviços, geram lucros para os capitalistas, pagam impostos para os governos e destinam votos para os políticos.
Parece desnecessário defender os trabalhadores. Afinal de contas, eles formam uma larga camada sócio-econômica presente em todos os países. Eles estão organizados em associações e sindicatos dirigidos por trabalhadores eleitos democraticamente. No entanto, a história registra uma longa série de injustiças, explorações e sofrimentos amargados pelos trabalhadores. E isso ainda não acabou.
Desde antigamente, as sociedades são divididas em classes com poderes e obrigações diferenciados. Os senhores e os servos, com o passar do tempo, evoluíram para patrões e empregados. Assim, os homens libertos se transformaram em trabalhadores assalariados, que vendem o seu trabalho como se fossem animais ou máquinas alugados. Nesta nova ordem, as relações entre opressores e oprimidos continuaram de forma cruel.
Causa mal estar ler e ver imagens sobre a situação dos trabalhadores durante a Revolução Industrial na Europa. Homens, mulheres e crianças trabalhavam pesado por 10 a 16 horas diárias, sob condições precárias e salários baixos. Mortes por exaustão, desnutrição e doenças aconteciam todos os dias. Mas os patrões eram ricos. Ganhavam fortunas no comércio internacional de mercadorias.
De lá para cá, os trabalhadores conquistaram leis trabalhistas e benefícios sociais. Mas o trabalho humano ainda tem o tratamento de mercadoria. Os empresários extinguem postos de trabalho aos milhares e investem em automação. A notícia boa é que os empresários estão sendo forçados a contratar trabalhadores mais qualificados, pagando melhores salários, para elevar o desempenho dos seus empreendimentos.
Já é possível antever como serão os futuros trabalhadores. Em vez de executores de trabalhos mecânicos repetitivos, cansativos e enfadonhos, serão criativos e perfeccionistas, preocupados com a qualidade de vida, a preservação ambiental e a ética. Serão flexíveis o bastante para trabalharem conectados com o mundo diversificado. Serão bons parceiros dos patrões em compartilhar as decisões e os riscos dos empreendimentos.
Fundamental aos trabalhadores vai ser o despertar da consciência política. Ou, melhor, da consciência cidadã. Sempre vai haver minorias, tentando evitar o progresso, resguardar privilégios e manter o poder de alguma forma. As elites não vão mudar a sociedade. Aos trabalhadores, a imensa massa social originada dos oprimidos, caberá a transformação da sociedade. O mundo está cheio de tragédias humanas. Precisa desesperadamente de justiça, solidariedade e fraternidade.

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