Lobo

Reginaldo Villazón
Na última segunda-feira (15 de abril), o mundo foi sacudido com a notícia de mais um audacioso atentado contra a vida de civis. O fato aconteceu no encerramento da tradicional Maratona de Boston, em sua 117ª. edição. A capital do Estado de Massachusetts (EUA), de 600 mil habitantes, abrigava milhares de corredores da prova e uma multidão de expectadores em clima festivo.
O local de chegada estava movimentado. Houve duas fortes explosões. A primeira bomba explodiu às 14:50 horas. Após 10 segundos, a segunda explodiu. Cenas de guerra: fumaça, sangue, mortos, feridos, desespero. Socorristas de plantão e pessoas solidárias conseguiram reunir forças e prestar ajuda às vítimas. Três pessoas perderam a vida. Mais de 170 se feriram, 17 em estado grave.
É inevitável lembrar o atentado de 11 de setembro de 2001, na cidade de Nova Iorque, onde terroristas islâmicos colidiram dois aviões comerciais com passageiros num ataque suicida contra dois altos edifícios empresariais. Os edifícios desmoronaram. Morreram milhares de pessoas. O governo norte-americano caçou os chefes terroristas, até executar Osama bin Laden, no Paquistão, em 2011.
Não importa se o atentado em Boston foi (ou não) perpetrado por um grupo terrorista, como em Nova Iorque. Nem se o motivo foi (ou não) uma confrontação política e ideológica. Importa saber que, para realizar esse tipo de ação premeditada, é preciso ter muito ódio no coração. Que o ódio não brota do nada. Nem cresce sem a energia fornecida por atos de violência.
A história registra farta quantidade de guerras, massacres, torturas e execuções, em campanhas de nações contra nações, sob o comando de líderes nacionalistas. Assim foram apropriadas terras vizinhas, constituídos vastos impérios, exploradas colônias distantes. Países modernos – Inglaterra, Espanha, Portugal, Rússia e outros – cometeram muitos atos de violência oficiais, determinados por seus governantes.
Os Estados Unidos da América é a democracia mais desenvolvida, rica e forte do planeta. Lá está a sede da ONU – Organização das Nações Unidas –, entidade que existe para promover o diálogo, a paz, a cooperação e o progresso no mundo. Mas, desde a sua formação, o país está envolvido em disputas e guerras. Tem bombas atômicas, fabrica e exporta armas, pratica violência.
Nenhum político assume responsabilidade pela violência. Todos eles discursam em favor da família, da religião e da paz. Na teoria, eles são eleitos e pagos para manter a paz e lutar contra todo tipo de violência. Mas, eles também são eleitos e pagos para lutar em defesa da segurança e dos interesses das nações. Eis a justificativa necessária e suficiente para tanta violência institucional no mundo.
É triste ver as cenas do atentado em Boston. Ver as fotos, em plena vida, dos que pereceram. Saber dos que vão carregar no corpo as marcas sofridas. Ouvir pessoas do povo, clamando apenas contra os autores diretos da tragédia. Observar os políticos, bem vestidos, criticando a violência alheia. Enfim, cada povo terá que abrir os olhos para a sua realidade política e exigir sempre a paz.

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