Palmas e cobranças

Marta Sousa Costa
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Em Pelotas, foi inaugurado o PopCenter, centro comercial popular construído para alojar os comerciantes antes instalados no camelódromo, bem como os demais camelôs distribuídos pelas ruas centrais da cidade. Na primeira semana, o PopCenter recebeu 15.000 visitantes; nos jornais locais, os lojistas, grande parte receosos da mudança, se declararam surpresos e encantados, jamais imaginaram tal receptividade do público.
Num mutirão de limpeza, as ruas anteriormente ocupadas foram limpas; no espaço ocupado pelo antigo camelódromo breve será construído estacionamento para 160 carros; a praça Cipriano Barcelos – local paradisíaco, abandonado há muitos anos – tem prevista a revitalização também para breve. Palmas para a administração anterior e também para a atual, encarregada da condução dos importantes detalhes finais, sem os quais as coisas travam, algumas vezes.
Na mídia, muitas pessoas parabenizaram a administração municipal. Outras tantas, após os merecidos elogios, se estenderam em cobranças: e o calçadão, quando será recuperado? As lixeiras, quando serão recolocadas? E as lajotas quebradas, serão repostas? E bem que o PopCenter deveria ser mais amplo, corredores mais largos, bancas maiores, e por aí se foram as sugestões.
Sempre que uma nova obra é apresentada à comunidade, junto com os elogios, surgem as cobranças por outras melhorias. Neste mês de janeiro, muitas administrações municipais foram renovadas, por todo o país. Por outro lado, muitos prefeitos foram reempossados, tendo a chance de continuar a administração aprovada pelos eleitores. Espera-se que os reempossados tenham planos para os próximos quatro anos e entusiasmo e condições de realizá-los, já que lutaram pela continuidade de seu governo; os novos titulares precisam de tempo para conhecer toda a situação herdada do antecessor. Terão erros e acertos, na aprendizagem de administrar verbas mais escassas do que gostariam. Precisarão de apoio e incentivo e que cada cidadão faça a sua parte, principalmente.
Os cidadãos continuam esparramando o lixo nas ruas? Vândalos destroem as lixeiras, picham os prédios recém pintados? Destroem os brinquedos nas praças infantis, sob os olhares complacentes de pais e transeuntes? Pagam os impostos em dia? Esses são exemplos banais, pequena amostra do comportamento do cidadão comum, o mesmo que, a cada obra entregue, incrementa o rol das críticas.
Criticar é fácil e críticas podem ser construtivas, quando bem embasadas, direcionadas a quem de direito, e quando é dado algum tempo de crédito para que as coisas sejam postas a funcionar. Críticas bem intencionadas ocasionam mudanças benéficas, quando os criticados encontram coerência na argumentação apresentada. É comum perdermos a noção do todo, quando estamos dentro de uma situação; quem olha de fora, encontra falhas que fogem à nossa percepção.
Mas críticas precisam ser bem pensadas, para serem levadas a sério. Criticar por criticar, sem conhecimento da situação, pode ser interpretado como desejo de aparecer, pegando carona no trabalho dos outros.

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