Manada de insensatos

Reginaldo Villazón
Nos últimos vinte anos, em vários países do mundo, cresceram as manifestações populares organizadas em favor da liberação do cultivo e do consumo da maconha. Segundo os manifestantes, o uso da maconha serve para fins recreativos, medicinais e religiosos. Além disso – dizem –, a maconha é um produto vegetal, orgânico e ecológico que não faz mal à saúde e não prejudica o desempenho físico e mental dos consumidores. E, de sobra – garantem –, a regulamentação do comércio do produto aniquila os traficantes.
Com o nome em inglês "Global Marijuana March" – em português, Marcha da Maconha –, o movimento é alardeado em "sites" da internet e concorrido nas marchas reivindicatórias anuais. Assim, vem engrossando fileiras, ganhando a tolerância do público e obtendo o aval das autoridades com base no direito à liberdade de expressão.
No Brasil, em 2011, a estréia do documentário sobre o tema – "Quebrando o Tabu" – causou impacto pelo depoimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que admitiu o fracasso do seu governo em combater como crime o consumo da maconha. Ele defendeu a discriminação do consumo da maconha, ou seja, que o consumo não seja crime. E que a venda do produto seja regulada e fiscalizada.
Em maio de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que não podia proibir a Marcha da Maconha, desde que a maconha não fosse consumida pelos manifestantes. A marcha aconteceu sob supervisão policial, especialmente na cidade do Rio de Janeiro e na cidade de São Paulo com milhares de manifestantes.
De fato, no mundo todo, a repressão policial à produção, ao comércio e ao consumo da maconha (e de outras drogas) não evitou que o número de usuários aumentasse em todas as camadas sociais. O governo da Holanda, tentando outras soluções, passou a tolerar a compra da maconha para uso individual nos "coffee-shops" (bares) desde 1978. Isso não fez desaparecer o tráfico nem minguar o consumo da maconha. Agora, o governo holandês está proibindo a venda para turistas e o uso fora dos "coffee-shops". Nos Estados Unidos, a venda controlada da maconha sob receita médica não matou o tráfico nem o consumo irregular.
Nesta semana, a Revista Veja (edição 2293, de 31.10.2012, R$ 9,90) colocou a maconha na matéria de capa. Confirmou, com base em pesquisas médicas e relatos de casos reais, que a maconha faz mal à saúde e prejudica a vida dos usuários, ao contrário do que diz a corrente liberalizante. Vale a pena adquirir a revista e ler a matéria. É preciso saber, para alertar familiares e amigos que maconha é droga que causa dependência, tem ação psicoativa e não serve para diversão. Para não marcharem com a manada de insensatos.
Em 12 de março de 2010, em Osasco, na Grande São Paulo, o excelente cartunista GLAUCO Villas Boas (53 anos) e seu filho universitário Raoni (25 anos) foram mortos a tiros diante da família. O autor dos disparos, um jovem de 24 anos, era usuário de maconha e sofria surtos psicóticos desencadeados pela droga. Foi preso e encaminhado a reclusão e tratamento num Complexo Médico Penal. O cartunista deixou a esposa e duas filhas.

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