Ecovoluntários


Por Reginaldo Villazón
Os maus-tratos aos animais – cruéis, absurdos, inexplicáveis – acontecem todos os dias e são denunciados em todo o planeta. Seres humanos ignorantes e insensíveis agem com brutalidade contra animais inocentes e indefesos, causando-lhes sofrimentos, mutilações e morte. Muitos relatos com fotos são publicados na imprensa e expõem as atitudes covardes, muitas vezes praticadas pelos donos contra os seus animais.
No Brasil, volta e meia, alguém exterioriza seu ódio aos animais, atirando bolas de carne com veneno a cães e gatos. Isto aconteceu de forma ousada no jardim zoológico da cidade de São Paulo, em 2004. Setenta e três animais, inclusive um elefante, foram mortos criminosamente com fluoracetato de sódio, uma substância translúcida, inodora, sem sabor, altamente letal e proibida no país.
Recentemente, na próspera cidade de Vitória de Santo Antão (PE), a 50 Km de Recife, o Ministério Público requisitou o fechamento do zoológico municipal, que funcionava irregularmente e abrigava 104 animais em condições precárias. O público brasileiro viu, na televisão, o leão velho e doente, andando cambaleante. Viu o urso confinado, refrescando-se num tanque de água inadequado ao seu porte. Um vexame para a cidade.
Porém, no município de Fortuna de Minas (MG), a 100 Km de Belo Horizonte, a história foi bem diferente. Por iniciativa de um morador, Washington Moreira Filho, há cinco anos os proprietários de pássaros em gaiolas passaram a libertar os animais. Para alegria geral, muitos dos pássaros continuaram vivendo e se reproduzindo nas vizinhanças. As gaiolas vazias, hoje, simbolizam uma época ruim que não existe mais.
O Brasil possui ampla legislação de proteção aos animais. O IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –, em 1993, instituiu e regulou os Criadouros Conservacionistas, empreendimentos privados para abrigo, proteção, assistência e procriação de animais silvestres. Hoje, há muitos deles no Brasil e fazem parte de uma corrente mundial que ganha força com os ecovoluntários.
Imagine-se um ecovoluntário. Parece coisa de doido. Você entra em férias, arruma as malas, toma um avião e vai a outro país, pagando tudo com o seu dinheiro. Dá entrada num Criadouro Conservacionista e ocupa um alojamento simples, onde vai dormir, arrumar a cama, preparar suas refeições, lavar e passar sua roupa. Por uma semana, você trabalha duro, 8 horas por dia, executando tarefas, como: cultivar, colher, preparar e servir alimentos aos animais, limpar os ambientes de uso dos animais, auxiliar os veterinários na assistência à saúde dos animais. No final, você paga as despesas da sua hospedagem, faz uma doação obrigatória de uns 300 dólares e volta para sua casa por conta própria.
Mas, é com emoção e gratidão que os ecovoluntários falam da convivência que tiveram com os animais. Da amizade que fizeram com os bichos, das experiências que tiveram junto deles, sentindo deles a proximidade, o cheiro, as cores, a textura, o olhar. Mostram fotos das trocas de carinho com aves e herbívoros silvestres. E dos abraços efusivos com grandes e afáveis felinos: leões, leopardos, tigres, onças.
Doido é quem fica estacionado na ignorância e na maldade. Pois, enquanto isso, sem alarde, outros buscam padrões melhores de harmonia, respeito e fraternidade entre todos os filhos da mesma mãe natureza.

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