Joaquim Barbosa

Reginaldo Villazón
O Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília DF, é o nível mais alto do poder judiciário brasileiro. Para julgar em última instância e fazer respeitar a Constituição Federal, conta com um quadro de 11 ministros. Quando ocorre vaga, ela é suprida por alguém indicado pelo Presidente da República e aprovado no Senado.
No quadro atual, um dos ministros se destaca pelo brilho próprio, por nunca ficar invisível e estar sempre na mira das câmaras fotográficas. Ele não tem o porte de um fidalgo, não pertence a uma família abastada nem é natural de um ambiente refinado. É um homem negro de origem humilde. Mas tem uma história de vida impressionante.
O ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes nasceu em 1954, na cidade histórica de Paracatu, no extremo Noroeste do Estado de Minas Gerais. Foi o primeiro dos 8 filhos, do pai pedreiro e da mãe dona-de-casa. Estudou o primeiro grau e trabalhou para o sustento da família até os 16 anos. Então, decidiu ir sozinho para Brasília DF.
Na capital federal, trabalhou na gráfica do jornal Correio Braziliense. Foi compositor gráfico no Centro Gráfico do Senado Federal. Cursou o segundo grau numa escola pública. Formou-se em Direito e fez Mestrado em Direito do Estado, na Universidade de Brasília.
Ingressou no Ministério das Relações Exteriores, no cargo de Oficial de Chancelaria, e serviu na Embaixada do Brasil na Finlândia. Foi advogado do Serviço Federal de Processamento de Dados e chefe da Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde.
Aprovado em concurso, assumiu um cargo de Procurador da República no Ministério Público Federal. Licenciou-se por quatro anos para estudar na França, onde obteve os títulos de Mestre e Doutor em Direito Público, na Universidade de Paris. De volta ao Brasil, no Rio de Janeiro, retornou ao cargo de Procurador da República e assumiu o cargo de professor concursado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Proferiu conferências e publicou artigos, no Brasil e no exterior. Foi professor-visitante nas Universidades de Colúmbia e da Califórnia, nos Estados Unidos. Publicou livro na França e no Brasil. Estudou idiomas nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e Áustria. É fluente em inglês, francês, alemão e espanhol. Toca piano e violino.

Joaquim Barbosa ingressou no STF em 2003. O presidente Lula, que naquele ano havia tomado posse na Presidência da República, teve que indicar três nomes ao Senado Federal para sabatina e aprovação, visando preencher três vagas de ministros no STF. Escolheu Cezar Peluso, Ayres Britto e, por populismo, um negro, Joaquim Barbosa.
Lula e seus partidários nem imaginaram que, no futuro (2012), lamentariam ter Joaquim Barbosa no STF, como austero ministro-relator do Processo Penal 470 sobre o Mensalão, o grande esquema de compra de votos de parlamentares no Governo Lula, conhecido na imprensa internacional como "Big Monthly Allowance".
Joaquim Barbosa é um homem falível, que comete erros. Mas é bem preparado e isto lhe permite realizar muitos acertos. Presta um magnífico serviço no STF. Da base obscura da pirâmide social, elevou-se através da educação, da cultura e do trabalho para brilhar no topo da República. Bela trajetória, belo exemplo. Que ele jamais esmoreça.

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