Qual é a real situação da dengue em Jales?

Vanessa L. da Silva

Os estudos epidemiológicos sobre a Dengue demonstram que as epidemias da doença acontecem a cada 03 ou 05 anos e isso é fácil de ser explicado. Quando estamos em um período epidêmico que a população passa a ver casos acontecerem próximo de casa, ou com um familiar, aumenta a preocupação e consequentemente começam a adotar as medidas de prevenção. No entanto, ao parar a transmissão, a doença cai no esquecimento, e novamente as medidas de prevenção deixam de serem adotadas periodicamente, a oferta de criadouros para o Aedes Aegypti aumentam e temos uma nova epidemia, todo esse ciclo leva em torno de 03 a 05 anos.

Diante dessa visão já era previsto em 2010 uma epidemia de dengue em todo Estado. Outro fator que levava a se esperar uma epidemia é que em vários municípios da região a transmissão da doença não parou durante o inverno, isso correu devido às mudanças climáticas.
Podemos perceber que de agosto a dezembro de 2009 o calor foi intenso e choveu acima do esperado, período que normalmente a infestação do mosquito Aedes Aegypti é menor devido ao frio e pouca chuva, transformou-se em um clima propicio ao desenvolvimento do mosquito e consequentemente alguns municípios tiveram transmissão durante todo o ano.
É considerado que um município é epidêmico quando atinge a incidência de 300 casos autóctones (contraídos no município) para cada 100 mil habitantes. Em Jales o ultimo ano que atingimos essa incidência foi em 2007 com 246 positivos autóctones, em 2008 foram confirmados 11 autóctones e 2009 confirmados 23 autóctones.
Foi com base em todos esses dados, que desde dezembro o município intensificou suas atividades de combate à dengue. Foram realizadas orientações através da imprensa, realizamos mutirões educativos e de limpeza com apoio de membros da sociedade, palestras em escolas, todas as atividades com o objetivo de evitar uma epidemia.
Desde o primeiro caso notificado no município foi realizada a atividade de bloqueio que visa eliminar os criadouros do mosquito Aedes Aegypti próximo a área do suspeito ou positivo de dengue, e em todos os casos confirmados com o apoio da Sucen foi realizada a nebulização.
Mesmo com todo o trabalho realizado o município atingiu o número de 237 positivos autóctones e 59 positivos importados (contraídos em outros municípios). Esse resultado quando comparado com os da região mostra a eficácia das atividades realizadas, Catanduva – 589 casos, Cosmorama - 281 casos, Fernandópolis – 1074 casos, Mirassol – 595 casos, Santa Fé do Sul – 222 casos, Votuporanga – 795 casos (dados até 04/06/10). Isso demonstra que apesar dos números terem sido alto, conseguimos conter ao máximo a transmissão da doençae quando analisamos a tabela abaixo, que nos mostra o Índice de Breatou, podemos ver que no decorrer do ano foi possível diminuir a infestação do mosquito Aedes Aegypti na cidade.
Atualmente os números de notificações diminuíram consideravelmente, com a confirmação de alguns casos isolados. Porém, as atividades não param, as visitas dos agentes de controle de vetores estão acontecendo diariamente, as orientações através da imprensa, palestras em escolas, todo o trabalho continua para que seja possível evitar novas epidemias e está sendo colocado em prática um novo projeto.
O que sempre preocupa as autoridades da saúde e os moradores são as casas sem moradores, para acabar ou ao menos minimizar esse problema, o Comitê Municipal de Mobilização Contra a Dengue em parceria com as imobiliárias de Jales criou um projeto onde casas fechadas serão vistoriadas, eliminado possíveis criadouro e colocado um selo de identificação, para que a população saiba que aquele imóvel não tem criadouros do mosquito Aedes Aegypti.
Novamente alertamos para a importância da colaboração da população, mesmo em período de frio e poucas chuvas as medidas de prevenção devem ser adotadas, afinal há recipientes que acumulam água, servem de criadouro para o mosquito transmissor da dengue e não dependem da chuva para existir, são eles: ralos internos e externos, vasos e pratos de plantas, bebedouros de animais, piscinas e caixas de água. Esses recipientes precisam de cuidados especiais, coloque água sanitária nos ralos duas vezes por semana, lave os bebedouros dos animais 3 vezes na semana, coloque areia ou fure os pratos de plantas, tampe as caixas de água e trate as piscinas periodicamente com cloro.
Jales conta com a colaboração de todos. Vanessa L. da Silva, profissional de I.E.C. Secretária Municipal de Saúde de Jales – ADERJ.

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