Você é a diferença

 


            *José Renato Nalini

            Em tempos de muita discussão a respeito da desfossilização do ambiente, com as atenções voltadas para a Amazônia brasileira em virtude da COP30, é bom saber que os indivíduos têm condições de mudar o cenário para melhor.

            Há gente interessada em fazer as cidades e os planetas mais resilientes e sustentáveis. Por exemplo, os finalistas do Prêmio Empreendedor Social 2025, que são seis. Fernanda Stefani apresenta a iniciativa 100% Amazônia. É a indústria 4.0 a unir inovação e conhecimento ancestral para transformar a biodiversidade botânica em bioingrediente e desenvolver cadeias produtivas com manejo sustentável.

            O empreendedor Mario Haberfeld é responsável pelo projeto Onçafari. É o ecoturismo como ferramenta para conservação da biodiversidade. Combate incêndios e reintroduz espécies ameaçadas como onça-pintada. Modelo inovador de corredor ecológico em parceria público-privada para criação de reservas no Pantanal e Amazônia.

            Já Chicko Sousa é quem desenvolveu o GreenPlat. Oferece transparência, rastreabilidade e eficiência à gestão ambiental urbana em softwares que permitem a empresas e governos o uso do blockchain para aumentar a reciclagem, diminuir impactos ambientais e combater a corrupção e ineficiência.

            Muito bom encontrar as Formigas-de-Embaúba, de Rafael Ribeiro e Sheila Ceccon também indicados. A ONG incentiva a educação ambiental com plantio de miniflorestas em escolas e espaços públicos. Isso combate ilhas de calor, engaja comunidades na restauração ecológica urbana e torna a cidade mais resiliente às mudanças climáticas.

            O Instituto Mandaver, de Lisania Pereira, é uma entidade do Terceiro Setor que cria soluções para a preservação de manguezais, com capacitação profissional, geração de renda e microcrédito para moradores de Vergel do Lago, em Maceió. Enfrenta ainda o descarte irregular de cascas de sururu e as converte em moeda social.

            Vanda Witoto, que fundou o Instituto Witoto, preserva a identidade indígena em contexto urbano com turismo de base comunitária e empreendedorismo feminino. É um projeto que se desenvolve no Parque das Tribos, em Manaus. Ali se criou uma escola que perpetua saberes ancestrais e um ateliê que ajuda mulheres a gerar renda e a romper ciclos de violência.

            É muito importante que se incentive mais a juventude, principalmente a juventude, a promover o que for melhor para salvar o ambiente natural, cuja devastação minha geração assistiu impassível e insensível.

            Todas as escolas podem desenvolver projetos locais. Envolvendo as crianças a pensarem nas soluções de problemas que parecem insolúveis, mas que com um pouco de imaginação e boa vontade podem ser enfrentados e resolvidos.

            A escola se torna interessante quando tem diálogo efetivo e permanente com a realidade. Não é suficiente fazer crianças e jovens decorarem informações, pois estas se encontram acessíveis e disponíveis nas redes sociais e nos sites de busca e pesquisa. A educação de verdade precisa impactar a realidade. De nada adianta oferecer diplomas, pois o mundo precisa hoje de protagonismo e de profissões cujos nomes sequer existem. Isso já foi detectado por países como a China, cuja educação está a anos luz da nossa, algo que justifica o estupendo progresso ali registrado nas últimas décadas.

            Vamos fazer a nossa parte. Todos estão chamados a ajudar a amenizar o maior desafio já enfrentado pela humanidade em sua História: o aquecimento global, gerador das emergências climáticas que continuarão a acontecer, com força e intensidade cada vez maiores.

 

*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

               

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