Por que cada vez mais profissionais não querem ser líderes




Jovens mostram menor interesse por cargos de gestão e ampliam a demanda por trilhas de carreira que valorizem especialistas e reduzam a pressão da liderança tradicional


  Cada vez mais profissionais têm optado por construir trajetórias que não foquem em cargos de liderança tradicionais, principalmente jovens da Geração Z. De acordo com uma pesquisa encomendada pela Viser, apenas 38% desse grupo tem interesse real em liderar equipes, enquanto 62% querem se manter em funções que possibilitam equilíbrio e autonomia. Ainda, um estudo da Robert Walters aponta que 72% dos jovens entrevistados afirmam querer crescer na carreira sem subir para cargos de gestão.

 

Para Elcio Teixeira, CEO da Heach Recursos Humanos, empresa de recrutamento e seleção, esse movimento tem impactado diretamente os modelos de carreira, pressionando as empresas a criarem formatos mais flexíveis, com trilhas paralelas que valorizem especialistas da mesma forma que gestores.
 

“Vivemos um cenário com alta competição por talentos, mas, sem dúvidas, organizações que não oferecem caminhos técnicos estruturados tendem a enfrentar maior dificuldade de retenção. O conceito de sucesso profissional está mudando, e é importante que as empresas compreendam esse comportamento para equilibrar expectativa e realidade no ambiente empresarial, sem reforçar a ideia ultrapassada de que crescer na carreira significa, necessariamente, liderar pessoas”, complementa Elcio.
 

Segundo a Pesquisa de Jovens da Catho, plataforma gratuita de empregos, o índice de interesse por cargos de gestão entre pessoas de 18 a 25 anos é 7% menor que o das gerações anteriores. O público mais jovem se preocupa 33% a mais com excesso de pressão e carga de trabalho do que as demais idades.
 

Ainda conforme o CEO, a busca por qualidade de vida se tornou central para as novas gerações. A própria estrutura do trabalho pós-pandemia, marcada pelo modelo híbrido e por jornadas mais flexíveis, contribuiu para que carreiras técnicas ganhassem protagonismo. Em vez de liderar times, muitos preferem aprofundar competências estratégicas, trabalhar com inovação e participar de projetos de alto impacto, caminhos que garantem valorização sem abrir mão de autonomia.
 

Para que as empresas consigam lidar com essa realidade, Elcio acredita que é necessário rever políticas internas, criar planos de carreira duplos e mais estruturados, ter programas de mentoria para especialistas e apresentar modelos de remuneração que equiparam complexidade técnica e responsabilidade gerencial.
 

“É um movimento irreversível. As organizações que entenderem que liderança não é o único caminho de crescimento vão conseguir atrair perfis altamente qualificados e que se mantêm engajados e motivados com o propósito da empresa. Precisa ter adaptação para ter mais sucesso futuramente”, conclui Elcio Teixeira.

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