*José Renato Nalini
O Estado de São Paulo, o mais
desenvolvido da Federação, ainda enfrenta sérios e graves desafios na gestão do
esgoto. Pesquisadores do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de
Engenharia de São Carlos, da USP, avaliou os 645 municípios bandeirantes e
concluiu que mais de duzentas toneladas de nitrogênio e trinta toneladas de
fósforo são diariamente lançadas nos cursos d’água, provenientes de esgoto sem
tratamento ou de maneira insuficiente.
Isso contribui para a degradação da
qualidade da água. A recomendação é a de que o uso das Estações de Tratamento
de Esgotos em funcionamento seja aperfeiçoado com tecnologias mais eficazes.
São Paulo não está ilesa de situação tal. Esgoto in natura é lançado diuturnamente
na única represa abastecida com nascentes locais, a Guarapiranga.
Seria importante que a SABESP
fizesse estações de tratamento descentralizadas e não houvesse a necessidade de
levar o esgoto para ser tratado em Barueri, quase cinquenta quilômetros além da
represa.
O artigo que os pesquisadores
escreveram está na revista científica Journal of Environmental Management e
partiu do Atlas Esgoto, a base nacional mais atual sobre a situação do
esgotamento sanitário no Brasil, embora já antigo: anos de referência 2015 e
2016. Tudo pode estar bem pior em 2025, já que o Marco Legal do Saneamento não
tem sido levado a sério como deveria, por uma série de razões. Todas elas
superáveis.
É urgente levar a sério as questões
de engenharia e gestão e repensar o atual modelo de saneamento é fundamental
para reduzir as cargas poluidoras e garantir a qualidade da água nos cursos
d’água paulistas, sobretudo os que abastecem os milhões de paulistanos desta
megalópole. A situação nos demais 644 municípios paulistas pode ser também
preocupante. Ou existe cidade que tenha solucionado 100% a questão do
saneamento básico e possa garantir que a qualidade de sua água seja
insuscetível de qualquer crítica?
Não é possível que, em 2025, ainda haja coliformes fecais na água que os paulistas bebem. Vamos cuidar disso?
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

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