Novo arcabouço regulatório para licenciaturas valoriza "chão da escola" como fundamento para formação dos futuros professores, destaca docente

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 Entenda as mudanças mais recentes nos cursos de formação de professores, que decorrem da publicação de resolução do Conselho Nacional de Educação, acompanhada de deliberação do Conselho Estadual de Educação de SP


As normativas específicas que regem os cursos de formação de professores no Brasil têm passado por diversas alterações na última década. As mudanças mais recentes decorrem da publicação de uma resolução do Conselho Nacional de Educação, acompanhada no Estado de São Paulo de uma deliberação do Conselho Estadual de Educação paulista, que introduz um novo arcabouço para a formação inicial de professores e exige um engajamento crítico e propositivo das instituições de ensino superior (IES).

A diretriz das novas normativas é consolidar uma perspectiva de formação mais integrada para os licenciandos, de maior diálogo entre os futuros professores da educação básica e os diversos atores da comunidade escolar, com destaque para a inserção curricular da extensão universitária e uma especificação das atividades de Estágio Curricular Supervisionado.

Neste novo cenário, as atividades de estágio devem totalizar 400 horas e serem realizadas obrigatoriamente de forma presencial em instituições de educação básica, sob a orientação de um professor universitário com experiência na área e a supervisão de docentes da escola parceira, responsáveis pelo acolhimento, orientação e diálogo formativo. Além disso, tais atividades de estágio devem ser realizadas desde os primeiros semestres do curso superior, proporcionando uma progressão de experiências para os licenciandos, desde as observações iniciais até a regência supervisionada em sala de aula.

A formalização de parcerias das instituições de ensino superior com as redes e escolas de ensino básico se tornou um ponto central neste quadro e vai mudar, inclusive, a forma de avaliar o desempenho dos estudantes de graduação em cursos de licenciatura, dando mais ênfase à articulação entre o currículo acadêmico e a prática profissional na formação inicial, reconhecendo as escolas como um local de formação indispensável aos futuros professores.

"O papel do professor supervisor da escola de campo é valorizado, e sua formação para atuar nessa função torna-se uma prioridade, visto que é durante o desempenho das atividades no campo de atuação profissional que o estagiário pode realmente vivenciar a complexidade do cotidiano escolar, a diversidade dos alunos, os desafios da gestão e as nuances da implementação das políticas educacionais", afirma Amadeu Moura Bego, professor da Unesp e membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.

O docente avalia o novo arcabouço regulatório como um "grande avanço", mas pondera que as mudanças aumentam as exigências da formação inicial de professores com desafios logísticos e pedagógicos para as instituições de ensino superior, já que tais mudanças envolvem atualização ou reestruturação curricular dos cursos de licenciatura, alinhamento da formação continuada dos formadores, qualificação dos professores supervisores nas escolas de campo, expansão e diversificação dos campos de estágio, entre outros pontos.

Leia o artigo completo sobre o assunto, de autoria do professor Amadeu Moura Bego, no Jornal da Unes em https://jornal.unesp.br/2025/10/21/novas-orientacoes-curriculares-trazem-desafios-aos-cursos-de-licenciatura-de-sao-paulo/

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