Brasil torna-se centro da exploração espacial ao sediar 36º Congresso Planetário com 100 astronautas em SP
Evento histórico da Associação de Exploradores do Espaço (ASE) acontece pela primeira vez no país, em Mogi das Cruzes, de 3 a 7 de novembro. Astronauta Marcos Pontes e presidente da AEB destacam cooperação internacional e inspiração para jovens.
Mogi das Cruzes, SP – O Brasil entrou oficialmente na rota dos grandes encontros espaciais globais. Nesta segunda-feira (3), o Club Med Lake Paradise, em Mogi das Cruzes (SP), abriu suas portas para a solenidade de abertura do 36º Encontro Internacional de Astronautas (Planetary Congress) da Associação de Exploradores do Espaço (ASE).
Este é um marco histórico: pela primeira vez, o país sedia o evento, reunindo cerca de 100 astronautas, cosmonautas e taikonautas vindos de 20 nações. São homens e mulheres que compartilham a experiência única de ver a Terra do espaço e que, durante esta semana, discutirão o futuro da humanidade fora dela.
A abertura celebrou a ciência e a cooperação, destacando que o encontro une diferentes idiomas e bandeiras sob um único propósito: "cuidar da nossa casa comum".
Durante os próximos dias, esses exploradores participarão de sessões técnicas exclusivas focadas na Estação Espacial Internacional (ISS), cooperação internacional e, crucialmente, em temas de segurança planetária, como a ameaça de asteroides. O networking global e encontros com lideranças brasileiras de ciência, tecnologia e educação também estão na agenda.
"Você pode ser o que quiser" – Mensagem de Marcos Pontes
O anfitrião do evento, o astronauta brasileiro e Senador Marcos Pontes, foi o responsável pelo discurso de boas-vindas. Visivelmente emocionado, ele deixou de lado o protocolo técnico e compartilhou sua jornada pessoal como motor de inspiração.
Pontes relembrou sua infância, quando ouviu de um amigo que "nunca seria piloto", e contrastou com o conselho de sua mãe.
“Lembro-me exatamente da primeira vez [no espaço] ... Afrouxei os cintos, olhei pela pequena janela e vi aquele lindo planeta azul”, contou. “A primeira coisa que me veio à mente foi quando eu era criança... E então me lembrei da minha mãe, com aqueles olhos azuis da mesma cor do planeta dizendo:
‘Você pode ser o que quiser na sua vida. Se estudar, se trabalhar duro, se persistir e fizer sempre mais do que esperam de você.’ E ela estava absolutamente certa.”
O senador conectou sua história ao objetivo central do congresso: usar a experiência dos astronautas para motivar as novas gerações.
“Todos nós temos grandes e importantes responsabilidades... Mas não devemos esquecer de onde viemos. Podemos usar nossas histórias de vida para inspirar outras pessoas — e devemos inspirar, especialmente os jovens.”
“Durante esta semana, teremos muitos estudantes conosco — e, na verdade, tudo isso é por eles: para que entendam que podem ser o que quiserem”, concluiu Pontes, sob aplausos.
AEB destaca uso pacífico do espaço
Na sequência, Marco Antonio Chamon, Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), subiu ao palco e reforçou a importância estratégica do encontro para o país. Centrou seu discurso em três pilares. O primeiro, a necessidade de garantir o uso pacífico do espaço. “A verdadeira razão de irmos ao espaço deve ser para o benefício da humanidade. E vocês, astronautas, nos lembram constantemente disso.”
O segundo ponto foi a visibilidade que o ASE 2025 traz ao programa espacial brasileiro. Por fim, Chamon destacou o que chamou de "a parte mais importante": a divulgação científica.
“Quero agradecer pelas ações de divulgação científica que serão realizadas ao longo desta semana, em mais de trinta cidades, inspirando jovens e também os ‘não tão jovens’ aqui na região. Isso é fundamental”, declarou o presidente da AEB, agradecendo nominalmente a Marcos Pontes por "fazer parte dessa história".
Oportunidade para o Brasil
Em entrevista o Senador Astronauta Marcos Pontes reforçou o simbolismo de trazer o Congresso Planetário ao Brasil.
"É uma oportunidade única de mostrar ao mundo a capacidade do Brasil em ciência e tecnologia, mas, principalmente, de usar a presença desses heróis de tantos países para inspirar nossos jovens. O futuro do Brasil passa por eles acreditarem que, sim, eles podem ser o que quiserem", afirmou o astronauta.

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