Brasil está no topo mundial de desligamentos em empresas

Iraci Bohrer, especialista
em recrutamento e seleção
 Estudo realizado pela consultoria Robert Half mostra que o país tem 56% de turnover, superando índices de França (51%), Bélgica (45%) e Reino Unido (43%)

Já é sabido que pessoas são um dos maiores desafios, se não o maior, enfrentados pelas empresas, sejam eles relacionados à contratação de colaboradores, fornecedores ou na retenção de talentos. Rotatividade alta, talentos desperdiçados, times desalinhados e resultados que não vêm representam desgastes e perdas financeiras.

As taxas de rotatividade no mercado brasileiro são elevadas e superam a 50%, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego, colocando o país na liderança mundial em desligamentos. Um outro estudo realizado pela consultoria Robert Half mostra que o Brasil tem 56% de turnover, superando índices de França (51%), Bélgica (45%) e Reino Unido (43%). E os custos deste turnover elevado envolvem gastos com recrutamento e seleção, criação e divulgação de vagas até o processo de triagem de currículos, entrevistas e avaliação de candidatos, treinamento e perda de produtividade, que podem afetar diretamente os resultados e a rentabilidade da empresa. “Esses custos representam um ônus significativo, daí ser fundamental implementar estratégias eficazes de retenção de talentos. As maiores decisões dentro das empresas acontecem em silêncio e quase sempre são sobre pessoas”, explica Iraci Bohrer, especialista em recrutamento e seleção.

De acordo com ela, quase sempre tudo isso nasce de uma decisão mal feita. E não por falta de currículo, técnica ou esforço, mas por algo mais sutil: a incapacidade de perceber o que está por trás de cada escolha. “Há um jogo silencioso acontecendo nas salas de reunião, nas entrevistas, nas promoções, nos desligamentos e até na escolha de fornecedores. Toda decisão que envolve pessoas carrega camadas invisíveis que poucos líderes estão preparados para interpretar. É aí que mora o ponto cego de muitas empresas e, ao mesmo tempo, o diferencial das empresas que mais crescem”, afirma Iraci, autora do livro O jogo invisível das decisões.

Para a especialista em recrutamento, empresas que crescem com consistência não contam apenas com bons produtos ou processos eficientes, contam com líderes preparados para tomar decisões humanas, conscientes e estratégicas sobre pessoas em todos os níveis da organização. “Decidir sobre pessoas não é tarefa simples, é uma competência, que deve ser desenvolvida. Porque, no fim, é sempre sobre gente. E gente não mente, mas revela muito sem dizer uma palavra”, conclui.

Comentários