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Hidrovias do tráfico: Polícias de MG, SP e MS se unem para combater transporte de drogas por rios


Facções tem usado rios de Minas Gerais como rota para distribuição de entorpecentes

Por Raíssa Oliveira
31 de outubro de 2025 | 14:13 -
Forças de segurança se reuniram em Iturama, no Triângulo Mineiro, para traçar estratégias de combate ao tráfico

Foto: Sejusp / Divulgação

Usados por criminosos como verdadeiras rotas da cocaína, os rios Paranaíba, Grande e Paraná entraram de vez na mira das forças de segurança. Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul uniram esforços para fechar o cerco ao tráfico que se infiltra pelas fronteiras do país e percorre as hidrovias do Triângulo Mineiro. Em reunião realizada nesta quinta-feira (31/10), representantes das polícias dos três estados traçaram estratégias para conter o avanço das organizações criminosas que transformaram a região em um corredor fluvial do crime.

Em entrevista a O TEMPO, o subsecretário de Integração da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG), Christian Vianna, revelou que a região do Triângulo Mineiro - sobretudo a cidade de Iturama - tem se tornado uma “ponte” para que facções criminosas distribuam entorpecentes para diversos estados brasileiros.

“Os rios de Minas, especialmente o Rio Grande e o Paranaíba, têm sido usados por traficantes para trazer drogas da Bolívia e do Peru para o Estado. Primeiro, eles transportam a droga em pequenos aviões ou por meio rodoviário, vindos do Peru ou da Bolívia, passando pelas fronteiras internacionais. Esses aviões pousam em pistas clandestinas no Triângulo Mineiro ou no oeste paulista, e as drogas são embarcadas em lanchas pequenas que percorrem o Rio Grande. Outra rota é pelo Mato Grosso do Sul, quando a droga é embarcada no Rio Paraná e chega a Minas por via fluvial, entrando também pelos rios Grande ou Paranaíba, que fazem divisa com Goiás”, explicou.

Segundo Vianna, as hidrovias mineiras também funcionam como “pontes” para o envio de drogas ao exterior. “Os rios de Minas são uma importante hidrovia que conecta a região Centro-Oeste ao Rio da Prata, que deságua em Buenos Aires, na Argentina, ou ao Rio Tietê, que leva ao porto de Santos, onde a droga é distribuída”, pontuou.

Para tentar fechar o cerco ao tráfico, as forças de segurança de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul, além de instituições federais e das Forças Armadas, se reuniram em Iturama, no Triângulo Mineiro, para alinhar ações e operações integradas. Segundo o subsecretário da Sejusp, foi definido um plano de ação contra o tráfico.

“Vamos focar principalmente nos rios Paranaíba, Grande e Paraná, que são hidrovias utilizadas pela criminalidade. Delineamos as primeiras estratégias, os primeiros pontos de ação que, nos próximos meses, vão desaguar em diversas operações nessa região. Pretendemos, no entanto, realizar trabalhos também em outros rios que estão nas nossas divisas”, garantiu.

A assessora de Comunicação da 3ª Companhia Independente da Polícia Militar de Iturama, tenente Cíntia dos Santos, afirmou que as operações na região devem ser intensificadas nos próximos meses. “Nós já realizamos ações e operações pontuais de combate ao tráfico de drogas e vamos intensificar ainda mais”, disse.

A reunião contou com a participação de representantes das Polícias Militares de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A Polícia Civil mineira foi representada pelos delegados regionais de Iturama e Ituiutaba. A Marinha do Brasil também participou do encontro, reforçando a presença das forças federais na articulação das ações.

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