Encontro de Líderes do IDV recebe grandes nomes do setor empresarial, da economia e do mundo jurídico

 

Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV


Evento reuniu palestrantes de alto nível

Líderes do varejo durante evento em Itatiba


O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) está realizando em Itatiba, no interior paulista, o IV Encontro de Líderes, destinado a acionistas, presidentes, vice- presidentes e diretores das empresas associadas ao IDV. “Este é um evento que possibilita falarmos sobre os mais variados temas, como sustentabilidade, economia, política, sucessão e, claro, varejo, a um púbico extremamente seletivo”, comenta o presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho.


Na sexta-feira à noite, na abertura do evento, Cristiane Amaral e Willian Valiante, da EY, abordaram o consumo global. De acordo com uma pesquisa da EY, 56% dos consumidores brasileiros estão dispostos a testar novas marcas ou varejistas. “A inteligência artificial modificará o comportamento do consumidor, independentemente respondendo pela maior parcela dos orçamentos de publicidade digital. “Isso envolve também uma jornada de multinegócios, que precisa ser muito bem escolhida, e o fortalecimento do ecossistema de parceiros, com varejistas aproveitando parcerias para novos modelos de negócios”, diz.


Já o sábado foi todo dedicado a palestras de variados temas. A primeira convidada foi Paula Eglert, da Box 1824, que falou sobre o futuro da influência, construindo relevância e reputação para pessoas e marcas. “Quando pensamos do cenário que se vislumbra, seja num cenário transformador, em que a IA alimenta a confiança do consumidor; num cenário de crescimento, como copiloto para conveniência diária; num cenário de restrição, como conexão humana, focando na autenticidade; ou num cenário de colapso, alcançando benefícios insignificantes”, afirma Cristiane. Para Willian Valiante, os gastos com mídia de varejo estão em alta, em conexão e mundo digital, associamos à população mais jovem, mas não é bem assim. Esse comportamento não está focado apenas nessa faixa de público”, explica. De acordo com ela, influência e evidência têm significados diferentes. “Enquanto a influência muda e pressupõe algum tipo de mudança, a evidência ocorre quando se fala com muitas pessoas que fazem parte de vários universos para informar e comunicar algo”.


Paula destaca quatro pontos importantes para as marcas: segurança dos dados, pois apenas 8% dos consumidores confiram na gestão de dados; ponto de venda, em que tudo é considerado PDV, seja o controle remoto ou as redes sociais, em que é possível comprar em um click, pois o varejo não é somente marketplace, e sim mídia, integrando o todo e tendo trânsito livre por todas as plataformas; e pós-personalização, com o cliente no controle. “Com a IA, a personalização ganha camadas de customização, com a possibilidade de construir apps e serviços que permitam aos consumidores combinar o melhor de cada produto”.


Na sequência, Bruno Martins, economista sênior do BTG Pactual, e Luiz Guanais, analista do bancoderam sua visão sobre a economia do Brasil aos líderes do varejo. De acordo com Martins, três fatores explicam os juros altos. “A inflação está caindo, mas ainda está alta, principalmente nos setores de serviços e alimentos. Além disso, há a ancoragem da expectativa de inflação, quando o mercado coloca uma expectativa para um horizonte longo acima da meta, e um atividade econômica resiliente. Por isso, o Banco Central precisa agir dom firmeza”, explica o economista. “O mercado financeiro tem sido volátil, e o varejo potencializa essa volatilidade, mas para 2026 há a expectativa de queda de juros”, completa Guanais.


Na palestra seguinte, Eric Secco Marcos, diretor de vendas, varejo e bens de consumo da Amazon Web Services (AWS), abordou as novidades sobre IA. “É sempre importante conhecer o cliente e o seu principal problema. Nós aprendemos muito com os nossos fracassos e aprenderemos com os fracassos futuros, assim ocorreu com a Alexa e com o nosso próprio marketplace, pois não podíamos vender apenas nossos produtos para que não ficássemos limitados”, diz Marcos.


Reforma tributária


A reforma tributária também esteve na pauta do Encontro de Líderes do IDV, e o tema foi abordado, neste sábado, por Bruna Felizardo. Notoriamente classificado como um dos sistemas tributários mais complexos do mundo, o arcabouço legislativo de tributos indiretos do Brasil sofrerá grandes alterações. “Ainda que um dos objetivos da reforma seja a simplificação do sistema tributário brasileiro, o texto aprovado contém questões que podem perpetuar complexidades já conhecidas”, analisa Bruna.

           

O sistema atual tem alguns problemas, tais como cinco tributos e muitas legislações, tributo por dentro do preço, limitações ao crédito e resíduos tributários, benefícios fiscais e acúmulos de saldos credores e ressarcimento. Com a expectativa da reforma, os pilares do novo modelo, chamado IVA (Imposto de Valor Agregado), serão menos tributos, mas com as mesmas regras, tributo por fora do preço, créditos irrestritos, exceto para uso pessoal, benefícios apenas para a Zona Franca de Manaus e exceções por estados e ressarcimentos tempestivos e garantidos. O painel também contou com as participações de Rodrigo Maluf, David Dias e Cristiane Amaral, também da EY.


Eleição presidencial


Durante o momento político brasileiro do evento, Gilberto Kassab, secretário de governo e relações institucionais do Estado de São Paulo, falou sobre o panorama político no Brasil e a eleição presidencial de 2026. “O fator decisivo será o adversário do presidente Lula, ainda indefinido, e quando isto ocorrer, as análises serão mais profundas, tanto em aceitação quanto em rejeição. A previsão é que haja dois candidatos fortes e outros dois correndo por fora”, analisa Kassab.


O jornalista político Fernando Rodrigues também participou do debate e falou sobre o processo eleitoral do próximo ano, citando alguns fatores que favorecem o atual presidente Lula. “A partir de janeiro, 10 milhões de pessoas vão deixar de pagar imposto de renda caso o projeto seja aprovado no Senado. Além disso, o governo injetará no mercado R$ 252 bilhões que vão melhorar a vida de alguns eleitores por meio de medidas já aprovadas pelo Congresso, sem contar outras, como o programa de reforma do Minha Casa, Minha Vida, que injetará mais R$ 40 bilhões na economia para as pessoas realizarem pequenas reformas em seus imóveis, com juros subsidiados”, comente Rodrigues. Ele ainda falou sobre os possíveis adversários do presidente Lula. “Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado ainda são desconhecidos por boa parte da população, embora tenham boas avaliações em seus estados”, completa.


Na última apresentação do dia, Mauro Wainstock, da Hub 40+, falou aos associados do IDV sobre as cinco gerações no mercado de trabalho, citando alguns desafios que as pessoas precisam enfrentar para uma vida longa, como o bem-estar físico, estabilidade emocional, equilíbrio espiritual, pensamento positivo, socialização, aprendizado contínuo, segurança financeira e etarismo. “Aliás, o etarismo é um sério problema, pois, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, metade da população mundial já sofreu preconceito em relação à idade. Por outro lado, grandes empresas foram criadas quando seus fundadores já haviam passado dos 50 anos, como Nestlé, Coca-Cola e IBM ”, diz Wainstock.


Hoje, no encerramento do evento, estão previstas mais duas palestras. A primeira abordará a preparação para a sucessão nas empresas e terá as presenças de Ana Resende, da Alma Empresas Familiares; Antonio Carlos Pipponzi, da RD Saúde; Luiza Helena Trajano e Marcelo Silva, do Magalu, e Artur Grynbaum, do Grupo O Boticário.


O encerramento do Encontro de Líderes do IDV terá a participação do ex-ministro do STF Luís Roberto Barroso, recém-aposentado, que passará aos associados sua percepção sobre o Brasil.


Sobre o IDV


O IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) representa 68 empresas varejistas de diferentes setores, como alimentos, eletrodomésticos, móveis, utilidades domésticas, brinquedos, produtos de higiene e limpeza, cosméticos, esportes, material de construção, medicamentos, vestuário e calçados. Juntas, somam um faturamento aproximado de R$ 624 bilhões por ano, geram 938,8 mil empregos diretos e possuem, aproximadamente, 36,7 mil estabelecimentos comerciais e 820 centros logísticosAtuante em todo o território nacional, o IDV tem como principal objetivo contribuir para o crescimento sustentável da economia brasileira, além do desenvolvimento do varejo ético e formal, que contribua para as mudanças estruturais do Brasil e para a melhoria da vida dos brasileiros.

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