Neurocientista português analisa ligação entre transtornos mentais e violência no Brasil: narcisismo e impulsividade como eixos centrais
Foto: Divulgação / MF Press Global |
O neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues (foto), diretor do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito e membro de sociedades científicas internacionais, publicou no Zenodo o artigo “Transtornos mentais e violência extrema: narcisismo, impulsividade e estudo de caso brasileiro” (DOI: 10.5281/
No estudo, o pesquisador analisa os transtornos mentais mais associados a homicídios e violência, propondo que o narcisismo e a impulsividade funcionam como eixos centrais para compreender os mecanismos neurocognitivos envolvidos. Para ele, o narcisismo não deve ser visto apenas como diagnóstico isolado, mas como falha transversal nos circuitos frontolímbicos (córtex pré-frontal ventromedial, orbitofrontal, córtex cingulado anterior e ínsula), amplificada pela hiperatividade da amígdala, que reduz a empatia e aumenta a necessidade de destaque social.
O Brasil como estudo de caso
O artigo utiliza o Brasil como referência, dado que o país ocupa posições recorrentes entre os mais violentos do mundo. Entre os fatores de risco destacados estão:
Maior prevalência mundial de ansiedade, segundo a OMS;
Uso intensivo de redes sociais, que reforça traços narcísicos e impulsivos;
Elevado consumo de álcool, cannabis, cocaína e crack, além de medicamentos de acesso facilitado;
Má nutrição, deficiências em cuidados gestacionais e ausência de atenção emocional parental;
Sistema de saúde mental frágil, sem triagem precoce eficaz, especialmente entre populações pobres;
Esses elementos, quando somados à desigualdade social, criam um terreno fértil para a prevalência de transtornos graves ligados à violência extrema.
Hierarquia dos transtornos mais associados à violência
O estudo propõe uma ordem de risco:
Transtorno de personalidade antissocial/psicopatia.
Transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Transtornos psicóticos com comorbidade por drogas.
Transtorno bipolar em fase maníaca com sintomas psicóticos.
Transtorno de personalidade borderline.
Transtornos explosivos intermitentes e de conduta em adolescentes.
Conclusão
Para Abreu, a violência extrema não pode ser compreendida apenas pela presença de diagnósticos clínicos, mas pela convergência de fatores neurobiológicos e socioculturais. “No Brasil, o impacto do narcisismo é potencializado pelo uso massivo de redes sociais e pela ausência de atenção emocional nas famílias, enquanto o uso de álcool e drogas atua como catalisador da violência”, explica.
O pesquisador reforça que a integração entre evidências neurobiológicas e o contexto sociocultural é essencial para desenvolver políticas de prevenção mais eficazes e reduzir os índices de homicídios.
Sobre o autor
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é Pós-PhD em Neurociências, membro da Sigma Xi – The Scientific Research Honor Society, da Society for Neuroscience, da Royal Society of Biology e da Royal Society of Medicine, entre outras. É autor de mais de 350 estudos científicos e 30 livros. Atualmente dirige o CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito e coordena o projeto GIP, que investiga a inteligência genética.
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