Setembro Verde Esperança: campanha chama atenção para a terceira maior causa de mortes de recém-nascidos no mundo
Cerca de 20 mil crianças brasileiras nascem anualmente com problemas de oxigenação no cérebro, quadro grave que pode levar a óbito ou provocar sequelas graves nos bebês
Considerada a terceira maior causa de mortes de recém-nascidos no mundo, conforme dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, a asfixia perinatal é o tema do Setembro Verde Esperança 2025, ação promovida pelo Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros em parceria com diversas instituições do Brasil e do mundo. Com o mote #EuRespiroaVida, o objetivo é disseminar ensino e estratégias para prevenção de sequelas neurológicas em recém-nascidos.
A asfixia perinatal é uma dura realidade que anualmente afeta cerca de 20 mil crianças no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Após realizado o diagnóstico, estima-se que menos de 5% dos recém-nascidos com asfixia em nosso país têm acesso ao tratamento e suporte mais adequado, segundo estudo publicado no American Journal of Perinatology (2019). Como consequência, grande parte desses bebês podem ter seus futuros comprometidos por diversas sequelas neurológicas, muitas vezes evitáveis, como paralisia cerebral, deficiência cognitiva, cegueira ou surdez.
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“Nosso objetivo é sensibilizar os setores público e privado, além de toda a sociedade, para a importância de políticas que visem a prevenção e o tratamento adequado para a redução do número de mortes de crianças. No Brasil, são dois a três bebês por hora que nascem com falta de oxigenação no cérebro. Esse impacto precisa ser percebido e evitado por meio de medidas preventivas e estratégias de neuroproteção”, afirma o médico neonatologista Dr. Gabriel Variane, fundador do Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros.
Risco no mundo e esforços brasileiros
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o quadro representa 23% de todas as mortes de recém-nascidos, tornando-se a terceira maior causa de óbitos evitáveis no mundo. Essa condição pode ocorrer um pouco antes, durante ou logo após o parto. Dr. Variane ressalta que o Brasil tem realizado esforços importantes na prevenção, mas é preciso avançar no tema. “Tivemos avanços importantes, como campanhas educativas e capacitação de profissionais, mas ainda é pouco diante do tamanho do desafio. É hora de transformar ações pontuais em estratégias nacionais, com engajamento do governo, setor privado e sociedade civil”, alerta o especialista.
A campanha está na sua 6ª edição e teve como um de seus criadores a médica neonatologista Mariana Dizotti, cofundadora do Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros. “O termo asfixia perinatal assusta e pode parecer distante, mas quando falamos que um bebê nasceu e não chorou, que é um dos indicativos dessa condição de saúde, vemos que esse problema é mais comum do que imaginamos.”, informa a neonatologista.
Unidos pela campanha
Uma das ações que marca a campanha Setembro Verde Esperança 2025 será um evento realizado no próximo dia 1º de setembro, no Plenário da Câmara dos Vereadores de São Paulo, com o tema “Futuros em Jogo: Prevenção de Lesões Cerebrais e Asfixia Perinatal em Foco”. Na oportunidade, estarão presentes os fundadores do Instituto Protegendo Cérebros Salvando Futuros; Dr. Mario Santoro Júnior, médico supervisor técnico do CEJAM e membro da Academia Brasileira de Pediatria; Dr. Luiz Carlos Zamarco, secretário municipal de Saúde de São Paulo; Dra. Beatriz Proença, médica fisiatra da AACD, além de outras lideranças públicas e formadores de opinião, que atuarão no debate sobre as ações de prevenção das sequelas neurológicas e mortes em recém-nascidos causadas pela asfixia perinatal.
“Atualmente, 44% dos nossos atendimentos em todas as unidades da AACD pelo Brasil são casos de paralisia cerebral, patologia que tem como uma das causas a asfixia perinatal. É um assunto urgente e fundamental do ponto de vista de saúde pública. Estamos engajados nessa campanha que, acima de tudo, preza pela saúde, bem-estar e qualidade de vida dos recém-nascidos, evitando sequelas que ficam para a vida toda”, diz a Dra. Alice Rosa Ramos, superintendente de Práticas Assistenciais da AACD.
“A asfixia perinatal faz com que muitos pais vejam o momento que seria o mais feliz das suas vidas, a chegada de um filho, se transformar em um período de dúvidas e medos. Mas é importante dizer que com diagnóstico, tratamento e informação é possível agir no momento certo e possibilitar que aquele bebê possa se desenvolver com qualidade de vida. A campanha busca trazer essa esperança”, completa, Dra. Mariana.
Mês de conscientização e inclusão social
O setembro Verde Esperança integra oficialmente o calendário municipal de São Paulo como um mês dedicado à conscientização e à inclusão social. A partir da Lei nº 18.028/2023, a primeira semana de setembro passou a ser reconhecida como a Semana de Prevenção da Asfixia Perinatal, destacando a importância de prevenir sequelas neurológicas desde os primeiros momentos de vida.
Para reforçar esse compromisso, o município deu um passo pioneiro ao instituir, por meio da Lei nº 17.569/2021, o Programa de Proteção Cerebral para Prevenção de Sequelas Neurológicas em Bebês. Conduzido por equipes multiprofissionais, com protocolos estruturados e monitoramento remoto, o programa amplia o acesso a estratégias de neuroproteção e posiciona São Paulo como referência nacional na prevenção de sequelas neurológicas evitáveis em recém-nascidos.
Como parte das ações simbólicas de sensibilização, a iluminação verde será utilizada em diversos pontos da cidade, reforçando a importância do tema e dando maior visibilidade às pautas do mês. Espaços emblemáticos, como o Edifício Matarazzo (sede da Prefeitura), a Ponte Octávio Frias de Oliveira (Ponte Estaiada), o Viaduto do Chá e a Biblioteca Mário de Andrade, receberão a cor temática da campanha. Além disso, outros locais públicos em diferentes regiões do país também serão iluminados em parceria com instituições e órgãos comprometidos com a causa
Sobre o Instituto Protegendo Cérebros Salvando Futuros
O Instituto Protegendo Cérebros Salvando Futuros é uma entidade sem fins lucrativos, criado por profissionais da área da saúde que objetivam disseminar estratégias para prevenção de sequelas neurológicas em bebês.

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