*José Renato Nalini
Em ano de COP30, lamentável a
situação da Amazônia brasileira. Em abril se noticiava a alta de 18% no
desmatamento entre agosto e março. Em junho, o anúncio de que o desmate atingiu
92% em maio.
O desmate acumulado de agosto d 2024
a março de 2025 atingiu área de 2.296 km2, praticamente a dimensão da capital
paulista. Imagine-se uma São Paulo inteira em chamas! Era a sexta maior da
série histórica para o período.
Quem apurou a cifra foi o Sistema de
Alerta de Desmatamento – SAD, do Instituto Imazon. Já segundo o Ministério do
Meio Ambiente, os dados oficiais são fornecidos pelo sistema Deter, do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe, ligado à pasta de Ciência e
Tecnologia.
Há uma diferença entre desmatamento
e área degradada. Por desmatamento se entende a remoção total da cobertura
vegetal. Já a degradação decorre de queimadas e extração madeireira. Ambas
impactam a biodiversidade, a produção de água e estoque de carbono da floresta.
Além de facilitar novos incêndios.
Já a tristeza constatada em maio foi
a alta de quase cem por cento no desmatamento, comparado com o mesmo mês de
2024. A promessa de zerar o desmatamento em todos os biomas até 2030 está muito
longe de ser obtida. De acordo com o Inpe, o peso dos incêndios florestais no
desmatamento está crescendo. As queimadas foram responsáveis por 51% da área
que perdeu floresta em maio. Foram quase mil quilômetros quadrados, uma
imensidão. Embora os negacionistas costumem relativizar esses números, dizendo
que a Amazônia é gigantesca.
Ela está desaparecendo. Essa a
realidade que os negócios, a ambição, o lucro excessivo, o imediatismo, o
egoísmo e até a ignorância não deixam perceber a gravidade.
Qual será o discurso oficial em
Belém, quando chegarem os estrangeiros que têm conhecimento da tragédia e
cobrarão o compromisso brasileiro de honrar os acordos internacionais?
Não há maior crime contra a
humanidade do que privá-la de continuar a existir. É isso o que os criminosos
estão fazendo com o Patrimônio que este povo recebeu gratuitamente e não soube
preservar. O castigo virá. Melhor ainda: já está sendo infligido, principalmente
sobre inocentes.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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