"Cultive Prevenção, Colha Vida": campanha alerta para os riscos e sinais do câncer de cabeça e pescoço
Se a sua saúde fosse uma planta, como ela estaria? Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP) realiza campanha de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço. Apesar de visível, 8 em cada 10 casos de câncer de cabeça e pescoço são descobertos tardiamente
Se a sua saúde fosse uma planta, como você acha que ela estaria? Assim como uma planta, precisa de um bom solo, cultivo e técnicas adequadas, a nossa saúde precisa de escolhas conscientes. Essa é a mensagem central da campanha “cultive prevenção, colha vida”, do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP) para o Julho Verde, mês de conscientização sobre os tumores que acometem a região de cabeça e pescoço. O Julho Verde foi idealizado no Brasil pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), apoiadora da campanha de 2025 do GBCP.
Diferente de muitos tipos de câncer, em que as principais etiologias (causas) não são conhecidas, os principais fatores de risco para desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço são bem estabelecidos. Cultivar a vida é simbolizada em medidas como não fumar nenhum derivado do tabaco (incluindo cigarro eletrônico e narguilé), evitar bebidas alcoólicas, vacinar-se contra o HPV, manter a higiene bucal em dia, não se expor ao sol sem proteção, usar preservativos nas relações sexuais e estar atento aos sinais e sintomas. Para ser mais exato, cerca de 40% dos casos poderiam ser evitados com essas escolhas conscientes.
“A prevenção deve ser cultivada diariamente. Escolhemos essa metáfora como fio condutor da nossa campanha porque queremos inspirar a sociedade a enxergar a importância dos hábitos saudáveis, do diagnóstico precoce e do autocuidado”, destaca a oncologista Milena Mak, presidente do GBCP.
Ao longo de todo o mês de julho, o GBCP, por meio de ampla campanha de Comunicação na imprensa, mídia digital e redes sociais, incluindo lives, série especial de vídeos, newsletter e ações presenciais em diferentes regiões do país, alertará sobre medidas de prevenção dos diferentes tipos de câncer de cabeça e pescoço. Todos os materiais estão disponíveis para download em www.gbcp.org.br. O convite é também para marcar o @gbcpoficial e utilizar sempre as hashtags: #CultivePrevenção #ColhaVida e #JulhoVerdeGBCP2025. Além do kit de divulgação, a campanha contará com duas lives especiais, a começar na terça (1), às 20h, com uma Live no canal do GBCP no YouTube.
A DOENÇA NO BRASIL E NO MUNDO
Há mais de trinta áreas na cabeça e pescoço onde o câncer pode se desenvolver, sendo que os tipos de câncer mais comuns na região são os de cavidade oral/boca, laringe, nasofaringe, orofaringe e hipofaringe. Com as incidências somadas, os cânceres da cavidade oral, faringe e laringe.
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS) aponta que são esperados mais de 1,5 milhão de novos casos de câncer de cabeça e pescoço no mundo em 2025, sendo assim o quinto câncer mais prevalente. Considerando todos os tipos de tumores que acometem a região de cabeça e pescoço, são mais de 460 mil mortes anuais no mundo.
As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para 2025 apontam para 41 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil. Na lista dos dez tipos mais comuns em homens e mulheres no país, os tumores na região mais comuns são cavidade oral e laringe (homens) e tireoide (mulheres).
HOMENS | MULHERES | ||
Próstata | 71.730 | Mama | 73.610 |
Colorretal | 21.970 | Colorretal | 23.660 |
Pulmão | 18.020 | Colo do útero | 17.010 |
Estômago | 13.340 | Pulmão | 14.540 |
Cavidade Oral | 10.900 | Tireoide | 14.160 |
Esôfago | 8.200 | Estômago | 8.140 |
Bexiga | 7.870 | Corpo do útero (endométrio) | 7.840 |
Laringe | 6.570 | Ovário | 7.310 |
Linfoma não Hodgkin | 6.420 | Pâncreas | 5.690 |
Leucemia | 6.390 | Linfoma não Hodgkin | 5.620 |
MESMO A DOENÇA SENDO VISÍVEL, 8 ENTRE 10 CASOS SÃO DESCOBERTOS EM FASE AVANÇADA - Ao contrário do que ocorre em outros órgãos, quando o câncer acomete a região de cabeça e pescoço a doença é visível. Apesar disso, os sinais não são percebidos na maioria dos casos. No Brasil, 8 entre 10 casos de câncer que acometem, por exemplo, a cavidade oral, são descobertos já em fase avançada. “O diagnóstico tardio resulta em menor chance de controle da doença, pior qualidade de vida para o paciente, maiores taxas de morbidade e mortalidade, necessidade de cirurgias mais extensas, maior complexidade de outras modalidades de tratamento e maior demanda por reconstrução facial, assim como mais desafios na reabilitação do paciente”, alerta Milena Mak.
Os diferentes tumores localizados na região de cabeça e pescoço acometem a cavidade oral (boca, lábios, língua, gengiva, assoalho da boca e palato), seios da face (maxilares, frontais, etmoidais e esfenoidais), faringe (nasofaringe (atrás da cavidade nasal), orofaringe (onde se encontra a amígdala e a base da língua) e hipofaringe (porção final da faringe, junto ao início do esôfago), além da laringe (supraglote, glote e subglote), glândulas salivares e glândula tireoide.
QUAIS SÃO OS SINAIS?
Os principais sinais de alerta para câncer de cabeça e pescoço são:
- Ferida na boca que não cicatriza (sintoma mais comum)
- Dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias)
- Nódulo persistente ou espessamento na bochecha
- Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amígdala ou revestimento da boca
- Irritação na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada na garganta
- Dificuldade para mastigar ou engolir
- Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua
- Dormência da língua ou outra área da boca
- Inchaço da mandíbula que faz com que a dentadura ou prótese perca o encaixe ou incomode
- Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou mandíbula
- Mudanças na voz
- Nódulos ou gânglios aumentados no pescoço
- Perda de peso
- Mau hálito persistente
Vale ressaltar que a existência de qualquer dos sinais e sintomas pode sugerir a existência de câncer, cabendo ao médico avaliar a necessidade de se pedir outros exames para confirmar ou não o diagnóstico. Muitos desses sinais e sintomas podem ser causados por outros tipos de câncer ou por doenças benignas. É importante consultar o médico ou o dentista se qualquer desses sintomas persistir por mais de três semanas. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as chances de sucesso.
POR QUE DIAGNOSTICAR PRECOCEMENTE É TÃO IMPORTANTE?
Dados de 2025 sobre câncer de cavidade oral e laringe do levantamento SEER, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), apontam que em apenas 26% dos casos o câncer de cavidade oral é diagnosticado com a lesão ainda restrita ao local. Por conta da alta prevalência de diagnóstico tardio, a taxa de cura (o paciente estar vivo cinco anos após o diagnóstico) é de 69,5%.
Os dados mostram que 85,4% dos pacientes estão vivos cinco anos após o tratamento quando o tumor era inicial, localizado apenas no órgão. Quando a doença se espalha pelos linfonodos a taxa de sobrevida em cinco anos cai para 69,4%. Com doença à distância (metástase) a taxa é de 36,9%.
A triagem para o diagnóstico do câncer de cavidade oral começa na saúde primária, pelo exame clínico (visual) durante consulta ou durante atendimento com o dentista. A confirmação deste diagnóstico depende da biópsia. Esse procedimento, na maioria das vezes, pode ser feito de forma ambulatorial, com anestesia local, por um profissional treinado. A análise do material retirado em biópsia é feita pelo médico patologista, responsável por definir o subtipo e grau de agressividade.
Alguns exames de imagem, como a tomografia computadorizada, também auxiliam no diagnóstico, e, principalmente, ajudam a avaliar a extensão do tumor. O exame clínico associado à biópsia, com o estudo da lesão por tomografia (nos casos indicados) permite ao cirurgião definir o tratamento adequado. As lesões muito iniciais podem ser avaliadas sem a necessidade de exame de imagem num primeiro momento.
Mais informações do GBCP sobre câncer de cabeça e pescoço
Câncer de boca - https://www.gbcp.org.br/
Câncer de faringe - https://www.gbcp.org.br/
Câncer de glândula salivar - https://www.gbcp.org.br/
Câncer de laringe - https://www.gbcp.org.br/
Câncer de tireoide - https://www.gbcp.org.br/
Câncer de paratireoide - https://www.gbcp.org.br/tumor-
Câncer nos seios da face - https://www.gbcp.org.br/
Referências bibliográficas
Filho AM, Laversanne M, Ferlay J, Colombet M, Piñeros M, Znaor A, Parkin DM, Soerjomataram I, Bray F. The GLOBOCAN 2022 cancer estimates: Data sources, methods, and a snapshot of the cancer burden worldwide. Int J Cancer. 2025 Apr 1;156(7):1336-1346.
Estimativa 2023-2025: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2023. BRASIL.
National Cancer Institute. Surveillance, Epidemiology and Result Programa (SEER). Disponível em https://seer.cancer.gov/
Islami F, Marlow EC, Thomson B, et al. Proportion and number of cancer cases and deaths attributable to potentially modifiable risk factors in the United States, 2019. CA Cancer J Clin. 2024;74(5):397-464.
SOBRE O GBCP - O Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço é uma organização sem fins lucrativos estabelecida por meio da colaboração voluntária de seus membros, profissionais da área da saúde envolvidos na jornada de cuidado do paciente com tumores de cabeça e pescoço. O GBCP é um grupo multiprofissional com a missão de influenciar todo o ciclo de cuidado do câncer de cabeça e pescoço no Brasil, atuando em quatro frentes de trabalho: comunidade geral, cuidados com pacientes e cuidadores, profissionais de saúde e pesquisa científica. Informações em https://www.gbcp.org.br/.
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